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Bahia tem potencial para ampliar matriz de geração de energia limpa

Estado vive momento crítico no abastecimento da hidrelétrica de Sobradinho. Nível da barragem serviu de exemplo durante palestra de Pavan Sukhdev

Donaldson Gomes e Thais Borges (mais@redebahia.com.br)
Atualizado em 04/07/2017 12:58:23

Há quem diga que é a partir da dificuldade que surgem as grandes oportunidades. Se for assim, a Bahia pode se aproveitar disso - inclusive, para sair de uma realidade não muito animadora, no que diz respeito ao armazenamento de água e produção de energia.

Nas últimas semanas, a usina hidrelétrica do Sobradinho, o principal reservatório do estado, atingiu níveis críticos: está com menos de 10% da sua capacidade total. O antes e depois, com reservatório cheio e agora em baixa, foi apresentado em imagens durante a apresentação de Pavan Sukhdev, embaixador da ONU para o Meio Ambiente, no Fórum Agenda Bahia.

Barragem do Sobradinho foi usada como exemplo durante palestra de Pavan Sukhdev

“Não temos feito um trabalho muito bom do lado do meio ambiente. Temos que olhar para o Rio São Francisco, para o que ele era antes e o que ele é agora. Tem um declínio na disponibilidade de água potável”, diz.

De acordo com ele, os problemas de Sobradinho também são causados pela sedimentação, pela falta de controle e gestão, além da falta de chuva.“Um dos motivos também é o que nós fazemos e como causamos a mudança nas precipitações, num nível mais amplo. A nível local, tema ver com gerenciamento, que leva à conservação das florestas em torno das nascentes e dos reservatórios. Se olharmos o ciclo da precipitação, vemos que as florestas no Brasil têm um papel muito importante”.

Reaproveitamento

Se esses recursos naturais não forem bem administrados, fica muito difícil prosperar em outras áreas. “O turismo tem um potencial fantástico na Bahia, mas como vamos administrar e otimizar, se não tivermos um bom gerenciamento da água, das questões ecológicas e da beleza da região? É um grande risco. Isso tudo são desafios para a economia inclusiva verde”, avalia.

No caso da redução da capacidade hídrica, ele defende o cuidado coma preservação da água nas cidades. “Em São Paulo, por exemplo, eles estão utilizando a água e depois voltam a reutilizar para molhar gramados. Temos que olhar para toda essa cadeia de fatores e assegurar que a educação está presente e também como gerenciar as necessidades de investimento, tempo e dinheiro”, diz ele.

Desde 2014, o estado de São Paulo enfrenta sua maior crise hídrica, devido a fatores como a redução da capacidade do Sistema Cantareira, reservatório que abastece quase 9 milhões de pessoas, por problemas de infraestrutura e planejamento.

“É preciso ter certeza de que os governos e o mundo têm consciência da importância disso. A floresta aqui é de vocês e vocês têm que educar as pessoas sobre o que é importante”, alertou Sukhdev.

Potencial energético

A Bahia concentra 60% do potencial brasileiro para a geração de energia elétrica a partir da irradiação solar, com potencial para gerar 207 GW de energia, destaca a economista Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

Ela lembra que o município baiano de Bom Jesus da Lapa, a 780 quilômetros de Salvador, é o que possui o maior potencial para a geração de energia solar do país. Além disso, o estado apresenta um significativo potencial de energia eólica, estimado em 14,5 GW para uma altura de 70m - o que representa 10,1% do potencial nacional e 19,3% do potencial da região Nordeste, complementa“.

Três anos após pôr em funcionamento seu primeiro parque eólico, em Brotas de Macaúbas, a Bahia já ocupa o segundo lugar nacional na geração da energia pela força dos ventos, com produção de 463 megawatts”, lembra Marina. “A Bahia vem ocupando uma posição cada vez mais importante no Brasil em relação à produção de energia limpa”, destaca.

Para ela, todo o aprendizado em elação à produção de energia eólica vai ajudar muito no desenvolvimento de energia solar. Para a diretora do instituto World Resources Institute no Brasil (WRI Brasil), Rachel Biderman, desenvolvimento do potencial para energia limpa no país passa pelo redirecionamento de investimentos.

“A gente precisa redirecionar os nossos investimentos para beneficiar, não apenas a Bahia, mas todo o Brasil. Ainda se subsidia o petróleo aqui no Brasil. A gente tem que sair dessa lógica, claro que o petróleo é importante, mas precisamos nos encaminhar para uma transição rumo à nova economia”, diz.

Ela lembra que as empresas de petróleo em todo o mundo estão se ajustando à nova economia. “Elas estão investindo em novas formas de energia”, lembra.

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