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Quem emite mais gases do efeito estufa deve pagar a mais por isso, diz economista

Pavan Sukhdev defende ainda a oferta de recompensas a quem promove desenvolvimento sem agredir o meio ambiente

Thais Borges (thais.borges@redebahia.com.br)
Atualizado em 04/07/2017 12:56:01

Maus têm que pagar mais, bons devem pagar menos. À primeira vista, essa máxima pode até parecer uma punição maniqueísta ou moral de fábula infantil, mas não tem nada a ver com isso – e a conversa é bem séria. Na verdade, é uma medida que o economista indiano Pavan Sukhdev, embaixador da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Meio Ambiente e consultor, defende que os governos adotem para chegar a uma economia verde e inclusiva, baseada nas baixas emissões de carbono.

Pavan Sukhdev defende incentivos fiscais às iniciativas verdes (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)

“Isso é o que eu diria para os governos não continuarem da maneira tradicional. Hoje, temos tantas coisas que podemos fazer, como mudar a base fiscal. Vamos começar a colocar impostos sobre os maus e não sobre os bons”, diz Pavan, um dos principais especialistas no mundo em sustentabilidade.

Por maus, entenda-se: setores da economia “marrom” – todos os setores que geram emissões de gases causadores do efeito estufa. Logo, os bons são os que investem em economia verde.

Segundo o embaixador da ONU,ess aé uma maneira de recompensar aqueles que investirem na criação de capital humano e natural que promovam desenvolvimento sem prejudicar o meio ambiente.“O poluidor deve pagar pelos danos que inflige ao meio ambiente”.

Uma forma de atingir isso seria retirando os subsídios dos combustíveis fósseis. “Nosso dinheiro é usado pelo governo para prolongar a indústria de gás e petróleo. Se queremos uma economia verde, essa não é uma estratégia sensata”. Nesse caso, os subsídios deveriam ser usados para energia renováveis – como a eólica e a solar.

“Da mesma forma que investimos em economia marrom, podemos fazer mudanças em 10, 20 anos, na economia como um todo. Podemos alcançar uma demanda maior de capital, demanda hídrica mais baixa, poderíamos ter um aproveitamento de floresta muito melhor, ao mesmo tempo, mantendo os empregos”, acredita Pavan, que abriu o seminário Baixo Carbono: A Nova Economia, o segundo evento do Fórum Agenda Bahia 2015.

Para Pavan, é preciso que a natureza seja vista como riqueza pública, já que respirar ar puro e ter acesso a água limpa beneficiam a todos gratuitamente. Ao final, o lucro virá de iniciativas inovadoras dentro de um cenário de sustentabilidade. “Deve vir da habilidade de gerar novas ideias”, defende o especialista.

Compra Pública

É preciso investir nesse tipo de iniciativa porque, a longo prazo, os custos que as mudanças climáticas vão trazer para a economia devem ser enormes, se continuarmos seguindo a economia “marrom”. “Vai ter redução de lucros, menos qualidade de vida, mais perda de emprego e a produtividade da agricultura será reduzida”, avalia.

Entre as atitudes que o governo pode adotar para desenvolver a economia local está a compra pública. Uma compra pública verde que estimula iniciativas que promovam uma economia de baixo carbono. “Temos que refletir se estamos fazendo compra verde ou simplesmente comprando o que está disponível”, pondera.

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