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Armando Avena

Armando Avena: a agroindústria lidera a retomada na Bahia

Armando Avena (armandoavena@uol.com.br)

A retomada do crescimento na economia baiana não vem se dando de maneira uniforme e tem se concentrado nos setores da indústria e da agropecuária, enquanto o comércio, a construção civil e o turismo ainda registram índices negativos de crescimento, especialmente no que se refere ao mercado de trabalho. Nos primeiros cinco meses do ano, a economia baiana contratou mais que demitiu gerando um saldo positivo de 6,2 mil novos trabalhadores com carteira assinada, mas nesse período o comércio eliminou 5,5 mil postos de trabalho, a construção civil suprimiu 4,6 mil postos e a área de turismo teve perda de 2,6 mil postos. Quem está gerando emprego na Bahia é a indústria e a agropecuária. E uma análise mais apurada dos dados vai demonstrar a importância do agronegócio para a economia baiana. 

O PIB da Bahia no primeiro trimestre deste ano já mostrou um crescimento exponencial da agropecuária, com um incremento de 30% em relação ao ano passado, comparação inchada pela seca do ano passado, mas que mesmo assim mostra a pujança do setor. O problema é que toda vez que se comenta sobre o crescimento da agropecuária, algum analista apressa-se em registrar: mas ela representa menos de 10% do PIB baiano. Essa é uma falsa verdade que precisa ser redimensionada com o cálculo do PIB do Agronegócio que, inexplicavelmente, não é feito na Bahia, mas que dá a verdadeira medida do setor. 

Quando se fala do campo na Bahia, não se deve pensar apenas na produção de grãos, na pecuária, na caprinocultura,  deve-se pensar também na produção de celulose, na indústria de calçados, frangos, bebidas, fertilizantes, tratores e nos serviços de extensão rural, veterinária e milhares de outros bens e serviços produzidos e que não podem ser classificados nem como indústria, nem como agropecuária, mas sim como resultado do agronegócio. Se isso for feito, será possível dizer que o campo baiano gera um PIB que representa aproximadamente 25% do total, ou mais. E esse é o tamanho da economia que tem origem no campo. 

Pois bem, é esse setor que está liderando a retomada da economia baiana. No mercado de trabalho, por exemplo, nos primeiros cinco meses do ano, o Agronegócio gerou um saldo positivo de cerca de 12 mil novos empregos com carteira assinada, o dobro do que foi gerado na economia baiana como um todo. No comércio exterior, o Agronegócio assumiu a liderança das exportações baianas no primeiro semestre de 2017 e responde por mais de 60% do total das vendas dos 10 principais produtos da pauta, tendo a soja e a celulose como os dois principais produtos da pauta de exportações. Tudo isso mostra que o Agronegócio é o setor que mais rapidamente superou a crise e que mais cresce na Bahia.

Cidades estratégicas
Quatro cidades baianas – Feira de Santana, Salvador, Barreiras e Vitória da Conquista – estão entre as 25 cidades do país com melhor rede de transporte ligando centros urbanos, segundo pesquisa divulgada esta semana pelo IBGE. Feira de Santana é o maior entroncamento viário do Nordeste e ficou em oitavo lugar no país em termos de disponibilidade de rede de transporte ligando centros urbanos, acima de cidades como Curitiba e Fortaleza, afirmando-se nacionalmente como um hub do transporte terrestre de passageiros.

Salvador ficou praticamente empatada com Feira de Santana em nono lugar, com a vantagem de ter uma rede mais diversificada, pois com transporte aéreo e marítimo, mas com uma posição um pouco mais excêntrica, segundo a pesquisa. Barreiras e Vitória da Conquista também foram destaques na pesquisa ficando em 19º lugar e 21º lugares, respectivamente. São Paulo lidera o ranking, seguida de Belo Horizonte, Goiânia, Campinas e Brasília.

Flipelô
A Fundação Casa de Jorge Amado vai promover, entre 9 e 12 de agosto, a Flipelô – Festa Literária Internacional Pelourinho - um festival literário internacional que vai ocupar vários espaços do Centro Histórico de Salvador. O evento faria Jorge Amado sorrir de alegria ao ver o cenário de algumas de suas maravilhosas histórias ser ocupado por escritores, leitores, estudantes, críticos literários, artistas e todos aqueles que gostam de boa literatura. A Flipelô vai mostrar que, embora idolatrem a música, os baianos amam a literatura e os livros.

Presidencialismo ou Parlamentarismo
O maior defeito do Parlamentarismo é uma certa instabilidade, pois o primeiro ministro perde o cargo sempre que o Parlamento lhe dá um voto de desconfiança. Na Itália, por exemplo, era possível ver o chefe de governo cair várias vezes ao ano. O Brasil está inovando nesse campo, e estabelecendo o voto de desconfiança no presidente, afinal, logo poderemos ter o terceiro presidente em menos de três anos. Ao que parece, a corrupção e a incompetência estão levando o país a adotar um parlamentarismo jabuticabal.

Aos jovens empresários
Dois em cada três jovens brasileiros desejam ser empresários, por isso, em conversa recente com um grupo deles, deixei de lado a interminável crise política brasileira, e tentei definir o que é um verdadeiro empresário. Para isso, precisei fazer um contraponto com três tipos de empreendedores muito comuns no Brasil: o empresário do status, das palavras e do dinheiro público. 

Comecei contando uma visita que fiz à região do Oeste da Bahia nos primórdios de sua ocupação econômica. A região era um laboratório para empresários do agronegócio e, em visita a uma grande fazenda de soja, me chamou atenção que a sede era uma casa muito simples que mais parecia o domicílio do caseiro e que o carro da família era uma caminhonete caindo aos pedaços, mas, estacionada ao lado dela, havia uma colheitadeira de grande porte, com custo superior a R$ 200 mil  e comprada com recursos próprios. 

Na época, esse empresário gaúcho que hoje deve viver em uma mansão me disse que todo dinheiro que ganhava era aplicado na produção e essa é a primeira lição para um jovem empresário: investir todo lucro no próprio negócio. Essa é a diferença entre um empresário de verdade e o empresário do “status”, aquele que investe grande parte do seu capital em instalações luxuosas, automóveis e outras despesas não produtivas, e é tão frequente entre nós. 

Outro tipo frequente no Brasil é o empresário de palavras, aquele que fala do negócio que vai montar com tamanha ênfase e entusiasmo que o incauto ouvinte pensa estar diante de um Henry Ford ou coisa que o valha. A esse conto o diálogo entre Degas e Marllamé, em que o famoso pintor diz que tem tantas ideias que não entendia por que não fazia grandes poemas, ao que o poeta responde: “É que não se fazem poemas com ideias, mas com palavras”. Pois é, ninguém se torna empresário apenas com ideias ou com palavras, é preciso mais, é preciso trabalho, capital, planejamento, planilhas de custos, estudos de mercado e por aí vai. Por isso o empresário do status e das palavras dificilmente se estabelece. 

Há também entre nós um empresário que cresceu muito nos últimos anos: o empresário do dinheiro alheio, aquele cuja base do negócio está no setor público, especialmente através da corrupção ou de métodos que muito se acercam dela. Diferente do que pode parecer esse tipo de empresário tampouco se mantém, pois mais cedo ou mais tarde, eles se veem obrigados a enfrentar o demônio que os criou e terminam na cadeia ou no ostracismo. 

O verdadeiro empresário, aquele que gera emprego e engrandece uma nação, não pode ter como sustentação o status, as palavras ou as benesses do setor público, mas sim o trabalho e a capacidade de empreender.



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