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Darino Sena

Darino Sena: o Bahia será capaz do milagre?

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“Ficar na Série A é um milagre”. A frase foi dita pelo diretor executivo do Bahia, Marcelo Barros, numa reunião do conselho deliberativo do clube, em abril.

Com uma folha salarial de aproximadamente R$ 3 milhões, naquele momento, o Bahia tinha apenas R$ 200 mil mensais disponíveis pra contratações sem a saída de atletas. Quantia considerada insuficiente pelo próprio Barros para se reforçar ao ponto de não passar sustos no Campeonato Brasileiro, principal competição da temporada. Daí o desabafo do cartola.

Desde a polêmica declaração, transmitida ao vivo pelo perfil oficial do clube no instagram, já se passaram quase três meses. O Bahia mandou alguns jogadores embora, trouxe outros, mas, com o orçamento ainda apertado, não conseguiu elevar o patamar técnico da equipe com as trocas.

O reflexo disso é a campanha ruim no Brasileirão – após 12 rodadas, o clube só não está na zona de rebaixamento porque tem saldo de gols melhor que Vitória e Avaí, com os quais está empatado em número de pontos. Já são sete jogos consecutivos sem vencer. A escassez de grana pra investir no time é decorrente da má gestão do departamento de futebol. O principal vilão são as contratações equivocadas.

Segundo matéria do jornalista Marcos Alves, do site da ESPN Brasil, o Bahia extrapolou em R$ 16,78 milhões o seu orçamento para o futebol em 2016. Porque se planejou mal e, diante do sofrimento inesperado, teve que coçar o bolso pra montar um time novo em pleno andamento da Série B. Mesmo assim, quase não subiu, ainda que o nível dos adversários fosse pífio. Perdeu pro campeão Atlético-GO na última rodada e precisou contar com uma vitória improvável do Oeste sobre o Náutico, em Recife, pra carimbar o acesso. Ufa!

Ano passado, o Bahia podia se permitir à extravagância financeira. Tinha injetado nos cofres os R$ 40 milhões de luvas pela venda dos direitos de TV fechada ao canal Esporte Interativo (de 2019 a 2014). Mas, esse ano, a realidade é outra.

As contas por apostas mal feitas em 2016 ainda ‘cobram juros’ no Fazendão. São os casos de Tiago Ribeiro, que ganhava R$ 280 mil de salário; e Renato Cajá, que recebia em torno de R$ 300 mil por mês e, só de luvas, custou R$ 900 mil ao clube. Ambos foram dispensados por insuficiência técnica. É por essas e outras que o Bahia até hoje não conseguiu contratar um centroavante decente ou reservas capazes de suprir eventuais ausências ou quedas técnicas de suas principais referências em campo - Régis e Allione, por exemplo.

Pra um time que baseava seu estilo de jogo na marcação pressão e na intensa movimentação de seus meias, principalmente nos jogos em casa, o que exige muito fisicamente, ter um banco de reservas minimamente confiável era essencial. Com a maratona de jogos, o desgaste dos titulares é evidente e era previsível. Mas quem entrou não deu conta - Feijão, Becão, Juninho, Mendoza, Vinícius, Ferrareis... - e o torcedor viu o rendimento despencar. Some-se a isso a chegada de um novo treinador que pensa o futebol de uma maneira diferente do seu antecessor.

“Ficar na Série A é um milagre”. A cada rodada a frase de Marcelo Barros ganha ares de premonição.

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