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Darino Sena

Darino Sena: Os desafios de Jorginho e Gallo

(darino.sena@gmail.com)
Atualizado em 06/06/2017 07:24:41

O maior problema tático do Bahia hoje é a transição da defesa pro ataque. Isso dificulta muito o contragolpe. Com pouca velocidade pra sair da retaguarda, o tricolor raramente pega o adversário de calças curtas quando recupera a posse de bola no próprio campo.

Isso ajuda a explicar, em parte, o baixo rendimento fora de casa desde 2016, quando Guto assumiu. Como visitante, onde é mais pressionado e, consequentemente, precisa percorrer um caminho maior pra chegar até o gol, o Bahia sofre mais.

Já quando ocupa o campo de defesa rival e marca alto, o Bahia tem seus melhores momentos. É a postura na maior parte do tempo na Fonte Nova. Mais perto da área, os principais jogadores do time, Allione e Régis, têm sido letais, com movimentação intensa, passes precisos e gols.

Encontrar um equilíbrio entre as duas formas de jogar é o maior desafio do novo técnico, Jorginho. Para fazer um Brasileirão seguro, o Bahia não pode ser competitivo só em casa. Há de se organizar melhor o contra-ataque pra surpreender fora. Em seus trabalhos de maior destaque, o contragolpe  foi ponto alto das equipes de Jorginho. Que ele consiga fazer o mesmo por aqui.

É preciso também encontrar um esquema tático alternativo. Guto jogava no 4-2-3-1 sempre. Quando Régis estava, ótimo! O problema é quando ele não podia jogar, como agora. Sem o camisa 20, Guto insistiu na manutenção do esquema mesmo sem ter jogadores com as características pra substituir Régis. Passaram por ali Diego Rosa, Zé Rafael, Allione e, por último, Juninho. Ninguém deu conta. Juninho foi o mais sacrificado. Muito elogiado pela torcida como volante, passou a ser bastante cobrado depois da improvisação. Jorginho não pode cometer o mesmo erro.

Outro grande problema tricolor não depende do treinador – a limitação do elenco. Guto conseguiu montar um time titular competitivo, mas sempre que precisou apelar para o banco de reservas, teve poucas respostas positivas. Depois do seu último jogo no comando, a derrota pro Botafogo, ao ser questionado por que de apelar novamente para substituições improdutivas, Guto desabafou: “Tem uma hora que a gente tem que botar os caras pra ver no que é que dá”. A diretoria do clube poderia ajudar Jorginho a não ter que passar pelo mesmo desespero.

No Vitória, a lista de pendências para o novo treinador, Alexandre Gallo, é muito maior. Se no Fazendão Jorginho pega um trabalho iniciado há quase um ano e em evolução, no Barradão, o cenário é de terra arrasada - vestiário com a confiança abalada, ambiente político turbulento e um time totalmente bagunçado.

Em campo, desde a saída de bola deficiente - responsável pelos dois gols do Fluminense na derrota de sábado -, passando pelo meio de campo inoperante - cujo símbolo da indolência é Cleiton Xavier -, até o ataque - apenas um gol em quatro jogos no Brasileirão -, o Vitória clama por organização.

Se Gallo é o cara capaz de mudar isso e se foi a melhor escolha para o momento rubro-negro, eu não sei. Mas uma coisa é certa – ele não conseguirá nada sem paz pra trabalhar. Ou os cartolas dão um basta na guerra de bastidores, ou vão terminar o ano lutando pra se livrar da culpa de um rebaixamento.

*Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras

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