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Darino Sena

Darino Sena: Um presidente marcado pela omissão

Darino Sena (darino.sena@gmail.com)
Atualizado em 25/07/2017 14:44:53

Semana passada, no pior momento do Vitória no ano, o presidente Ivã de Almeida pediu licença do cargo, via carta, e tornou oficial aquela que foi a principal característica da curta gestão dele – a omissão.

Desde a posse, em dezembro, até a divulgação da carta, muito provavelmente seu último ato no cargo, Ivã ficou marcado por transferir responsabilidades. Foi assim quando estabeleceu que as principais decisões estratégicas seriam tomadas por um chamado “colegiado”. Foi assim quando colocou Sinval Vieira à frente do principal departamento do clube – o futebol. Foi assim quando promoveu Petkovic em substituição ao ex-comentarista de rádio.

Ivã de Almeida confiou no passado de Sinval e Pet, de forte identificação com o clube, como solução para todas as demandas do presente. Delegou o poder e lavou as mãos. O vice-presidente Agenor Gordilho chegou a entregar o cargo e elencar, entre as justificativas, o fato de não encontrar Ivã no Barradão. “Um presidente que a gente não vê no clube, que não comparece, deixa a gente com dificuldade para tomar decisões”, declarou ao globoesporte.com. Diante da carta de licença de Ivã, Gordilho voltou atrás em relação à própria saída e agora é o presidente interino.

Ivã de Almeida assistiu, impassível, seus gestores de futebol trocarem de técnico cinco vezes, apostarem alto em jogadores vindos de longos períodos de inatividade (Dátolo, Pineda, Pisculichi, Carlos Eduardo, Danilinho e Leandro Salino), colocarem relações pessoais, por vezes, como principal critério pra contratação de colaboradores e até excluírem duas categorias de base do Vitória, a sub-16 e a sub-18 – um duro golpe no DNA do clube, que mudou de patamar na história, em parte, justamente por priorizar a formação de talentos na própria Toca do Leão.

Por que Ivã foi tão ausente? Falta de conhecimento de futebol, falta de tempo pra se dedicar ao clube, confiança demais em pessoas erradas? Talvez Ivã não tenha se dado conta da responsabilidade e da pressão envolvidas em dirigir uma instituição do tamanho do Vitória, quando botou na cabeça que queria ser presidente, um sonho antigo. Ao cair na real, eleito e empossado, talvez tenha sido tarde demais. Talvez. São questões e hipóteses que só podem ser respondidas, confirmadas ou negadas pelo próprio Ivã, quando e se ele der as caras – após a licença, o presidente ainda não apareceu publicamente pra dar ao menos uma satisfação ao torcedor rubro-negro.

Em dezembro, em meio à euforia pós-eleição, Ivã aparecia. Deu entrevista para mim na TV e disse que o principal objetivo dele era levar o Vitória ao inédito título brasileiro em seus três anos de mandato. “Se eu não for campeão brasileiro, vou achar que não bati minha meta”. Após a declaração, cara a cara com Ivã, eu disse que o tempo mostraria se  ele estava sendo ousado ou inconsequente.

Lá se vão sete meses... Hoje, o Vitória é o penúltimo colocado, perdeu e levou 13 gols nos últimos quatro jogos, é o pior mandante do Brasileirão. O clube está em busca do sexto técnico no ano, do terceiro diretor de futebol, de uma referência de liderança fora e de uma identidade dentro de campo. A omissão de Ivã foi implacável com o Vitória. O tempo foi implacável com Ivã de Almeida.

Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras.

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