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Elton Serra: Ba-Vi da paz de espírito

Elton Serra (eltonserra@gmail.com)

O sexto Ba-Vi do ano terá um componente diferente neste domingo, no Barradão: com os dois na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, o lado emocional do clássico deverá ser destaque. É fato que um dos dois, no mínimo, continuará entre os quatro piores da Série A ao final da rodada, e a pressão por três pontos ditará o ritmo do jogo.

Manter o equilíbrio é o grande desafio do Vitória. Um time que está tentando se reconstruir em pleno mês de julho, com contratações de jogadores e mudança de cultura de jogo, agora sob o comando de Alexandre Gallo. Os bastidores rubro-negros, com a política estremecida por uma guerra velada entre conselheiros de situação e oposição, refletem no campo. Com uma semana para trabalhar, o time vermelho e preto parece começar a encontrar a tranquilidade necessária para reencontrar os trilhos na temporada.

Gallo já mostrou querer uma equipe que valorize mais a bola, que evite as ligações diretas e que, principalmente, sofra menos no momento defensivo. Os gols sofridos contra o Atlético-PR fizeram o técnico do Vitória refletir sobre o sistema utilizado nas últimas partidas, e o time só começará a ter equilíbrio quando for mais sólido defensivamente. Contra o Bahia, a preocupação será neutralizar a intensa movimentação do quarteto formado por Allione, Régis, Zé Rafael e Edigar Junio, negando espaços para um time que gosta de troca de posições no último terço do campo. A partir daí, o Vitória passa a ter a possibilidade de construir seu jogo ofensivo sem temer a fragilidade de sua defesa.

No Bahia, Jorginho tenta mudar algo que era quase que identidade do time de Guto Ferreira: a verticalidade nas transições ofensivas. O atual técnico tricolor gosta da posse de bola, da construção do jogo a partir do campo de defesa com passes curtos e saída através dos volantes, buscando a abertura das jogadas somente quando a bola chega aos pontas. Talvez, por isso, a opção por Matheus Reis, lateral que possui características defensivas mais lapidadas em relação ao colombiano Pablo Armero. Talvez, também, a queda de rendimento de Eduardo, jogador acostumado a aparecer constantemente na linha de fundo. O trabalho da saída de bola exige maior participação dos laterais na primeira linha defensiva, o que muda uma característica de jogo que os atletas já estavam acostumados desde o início da temporada. Assim como Gallo, Jorginho, pela primeira vez, teve uma semana para trabalhar taticamente a equipe e adaptar seus conceitos de jogo às qualidades técnicas e táticas do elenco.

O Ba-Vi de hoje passará longe de ser um clássico tecnicamente brilhante. Talvez, por conta da pressão, os detalhes táticos sobressaiam muito mais. Uma semana de treinos fechados, de experimentações de jogadores e de alternativas de jogo que saiam do lugar-comum das primeiras dez rodadas dão o tom do que o torcedor pode esperar no Barradão. Dois treinadores preocupados em garantir três pontos e tranquilidade para a sequência do Campeonato Brasileiro. Um jogo que deveria ser melhor que os cinco clássicos anteriores, mas que foi prejudicado pela falta de continuidade no trabalho e pela necessária correção de planejamento de ambos. Que vença o melhor time, mas que o pior não dê passos atrás na busca pelo equilíbrio. O nosso futebol não pode, novamente, se perder na rivalidade vazia.

Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos.

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