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Elton Serra

Elton Serra: O Nordestão é um case de sucesso

Elton Serra
Atualizado em 28/05/2017 15:51:10

A Copa do Nordeste já se solidificou como o torneio mais atrativo do país no primeiro semestre. Óbvio que, assim como em todas as competições, existem jogos ruins, mas o Nordestão consegue elevar um nível técnico que é tão pobre na região, sobretudo nos primeiros cinco meses do ano. Aliado a essa questão, outra que é fundamental: o torneio regional exemplifica o cenário ideal para o futebol brasileiro.

Mesmo com chancela e interferência indireta de CBF e federações, a Copa do Nordeste é comandada pelos clubes participantes. Foram eles que decidiram pela mudança da fórmula a partir de 2018, além de discutirem as cotas de participação para cada integrante. Grana, aliás, que incrementou o orçamento de muitos clubes ao longo do semestre. O Bahia, só pelo título, embolsou R$ 1,25 milhão, sem contar o bônus pago pela Caixa Econômica Federal, principal patrocinadora do tricolor, e as cotas de fases anteriores que, somadas às cifras da taça, chegam à casa dos R$ 6 milhões. Além disso, a bilheteria nos dois últimos jogos do Nordestão ajudou a pagar parte das operações da Arena Fonte Nova nos primeiros meses do ano, compensando o prejuízo dado pelo Campeonato Baiano.

O estadual da Bahia, diga-se de passagem, não premiou financeiramente o campeão. O Vitória recebeu menos que a Musa do Baianão, que faturou R$ 6 mil. Os clubes não se preocupam em fazer do Baianão uma competição mais atrativa, capaz de seduzir torcedores, atletas e patrocinadores. Já escrevi diversas vezes nesta coluna que falta capacidade de gestão para a maioria dos dirigentes, mas também falta atitude para se opor ao sistema que oprime o futebol local, sufocando e matando um produto que tem potencial para ser um pouco melhor do que se apresenta atualmente.

Do ponto de vista técnico, a Copa do Nordeste também foi superior. O Bahia teve quatro jogos contra adversários que encontrará na disputa da Série A. Quatro clássicos com estádios cheios, atmosferas desafiadoras e jogadores de certa qualidade. Pode não ser a referência ideal para o Campeonato Brasileiro, mas traz um desafio bem maior do que encarar adversários de nível técnico baixo. O Nordestão também serviu para que Guto Ferreira deixasse a equipe ainda mais entrosada, sem perder a força física necessária para encarar uma competição de pontos corridos - o tricolor, poupando jogadores no estadual, chegou bem mais inteiro à decisão contra o Sport.

A tendência é que a Copa do Nordeste ganhe ainda mais a simpatia do torcedor brasileiro. Durante a final, a procura por informações da partida e da competição foi grande nas redes sociais, sobretudo no Sudeste do país. A festa feita na Fonte Nova mobilizou nacionalmente a audiência. O Nordestão é um case de sucesso que renasce em meio a um futebol falido e pobre de ideias. O êxito da competição precisa contagiar muitos cartolas de clubes por aí.

A Copa do Nordeste é um sucesso? Sim. O Campeonato Baiano tem salvação? Também. É preciso buscar elementos que possam ser adaptados à realidade do futebol da Bahia. Uma força-tarefa que precisa, essencialmente, da participação dos clubes. Não adianta pôr a culpa do baixo nível técnico nas federações - meras  organizadoras das competições - se as equipes não se impõem como protagonistas. Quando o fracasso é conjunto, todos são vilões.

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