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Elton Serra

Elton Serra: Senhores, salvem o futebol baiano!

Elton Serra (eltonserra@gmail.com)

No final da tarde deste domingo termina mais um Baianão. Mais um ano em que as reflexões sobre o futebol jogado em nosso estado precisam ser feitas. Mais uma edição de campeonato em que Bahia e Vitória sobram diante de seus adversários. E, mais uma vez, assistimos cenas típicas de amadorismo esportivo em diversos clubes que deveriam representar dignamente seus municípios e suas torcidas.

A dupla Ba-Vi chegou à decisão do título com méritos. Quem for campeão, terá perdido apenas uma das 14 partidas disputadas na competição - o Vitória, se levantar a taça no Barradão, será campeão invicto. O abismo criado entre os grandes da capital e o restante dos times do Campeonato Baiano é cada vez maior. Fluminense e Vitória da Conquista, que serão representantes da Bahia em competições nacionais na próxima temporada, foram goleados por tricolores e rubro-negros nas semifinais. O Galícia, terceiro na escala de títulos entre os times que disputaram o estadual, perdeu nove dos 10 jogos que disputou e foi cruelmente rebaixado. O nível foi, mais uma vez, péssimo.

Não dá para deixar passar despercebido todos os problemas que o Campeonato Baiano apresentou. Desde gramados ruins e iluminações precárias, a equívocos de gestão em diversos aspectos. Durante a competição, apenas o Bahia e o Fluminense não trocaram de técnico - alguns, inclusive, mudaram mais de uma vez. Com exceção de dois ou três clubes do interior, a maioria disputa o estadual com o simples objetivo de se manter na primeira divisão e, consequentemente, sobreviver de uma partida em casa, contra Bahia ou Vitória. Muito pouco.

O prejuízo técnico também é financeiro. O Vitória, antes do jogo de hoje, acumula déficit de pouco mais de R$ 60 mil em bilheteria. Já o Bahia, que lucrou R$ 340 mil com venda de ingressos, repartirá o bolo com a Arena Fonte Nova. Óbvio que os dois clubes possuem outras fontes de receitas que sustentam seus orçamentos, mas, na prática, ambos pagaram caro para disputar o Campeonato Baiano. A situação fica ainda pior se nos debruçarmos sobre os borderôs dos outros nove times: a média de renda líquida da competição é de R$ 11 mil - valor que não paga os custos totais de uma partida de futebol.

Essa discussão não é novidade para ninguém, mas precisa continuar viva. O futebol baiano passa por uma crise que já dura algumas décadas, e o movimento para que o sangramento seja estancado praticamente não existe. Hoje é absolutamente comum encontrar personagens que não possuem a capacidade de ocupar cargos importantes em clubes de futebol em nosso estado. O fomento de ideias e de gestão profissional e responsável não é incentivado na Bahia. As consequências são estádios vazios, times pouco atrativos e apenas dois jogos que interessam: os já tradicionais Ba-Vis das finais.

Hoje é dia de apreciar mais um Ba-Vi, de gozar da rivalidade histórica entre dois clubes tradicionais do Brasil, de conhecer mais um capítulo do livro de conquistas do Campeonato Baiano. Porém, é dia também de fazer necessárias reflexões: para onde o nosso futebol está caminhando? O estadual o fortalece ou o enfraquece? Estamos formando bons atletas e dirigentes profissionais? O público se interessa em assistir aos jogos promovidos pelo torneio? São questões que jamais deveriam se dissociar de algo que aprendemos tanto a gostar.

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