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Elton Serra

Elton Serra: Vitória ainda tenta recomeçar 2017

(eltonserra@gmail.com)
Atualizado em 18/06/2017 13:30:21

O Vitória está afundado na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, mas não possui os piores números possíveis. A defesa sofreu oito gols, um a mais que o vice-líder Grêmio e três a menos que a Chapecoense, quarta colocada, e balançou as redes adversárias cinco vezes, mesmo número do  Cruzeiro, oitavo na tabela antes do início da atual rodada. Um saldo negativo de três gols, com quatro derrotas na Série A. É claro que a campanha é péssima e requer cuidados, mas é preciso entender os motivos de uma má fase, digamos, tão econômica.

O rubro-negro voltou a cometer erros que estávamos acostumados a observar no passado e que o futebol não perdoa: reformulação profunda do elenco em pleno mês de junho. Num momento em que as mudanças deveriam ser pontuais, o Vitória vive um processo de reconstrução do grupo. A concepção de montar uma equipe experiente, com jogadores rodados e de currículos reconhecidos, não deu certo. Deu lugar a uma ideia de contratações mais modestas, a exemplo de Thallyson, Caíque Sá, Fillipe Soutto, Yago e Todinho. O mais velho deles tem 26 anos, baixando consideravelmente a média de idade da equipe.

A atitude do Vitória foi necessária, mas compromete toda a temporada. Com o terceiro treinador efetivo em seis meses, o time não ganhou padrão tático, viveu instabilidade técnica e se recupera de um momento psicológico ruim, que influencia diretamente no individual e, consequentemente, no jogo coletivo. Sem tempo para treinar, Alexandre Gallo utiliza mais o diálogo do que as atividades de campo. O Vitória, na prática, perdeu praticamente meio ano de trabalho.

A má fase, então, é o somatório de todos esses problemas. Ela é econômica pelo simples motivo do time ainda mostrar certa qualidade técnica para suportar a pressão da Série A, mas viver o paradoxo de ser uma equipe experiente e, ao mesmo tempo, não se sentir segura para executar seu jogo. Fruto desse momento é o número de gols sofridos de falhas individuais e, na maioria das vezes, com a bola nos pés do jogadores rubro-negros. Os dois jogos consecutivos sem derrota, aos poucos, traz tranquilidade ao grupo, e faz com que Gallo possa se concentrar em dar, enfim, padrão tático ao Vitória.

Está bem claro que o Leão precisa engatar uma sequência de bons resultados, mas não adianta pensar que esse objetivo será alcançado sem o mínimo de jogo coletivo. Essa transformação passa por um time mais concentrado na execução do sistema tático - por muitas vezes, o que se observou no Vitória foram buracos em vários setores da equipe, proporcionando espaços para os adversários trabalharem a bola. Passa também por uma compactação ofensiva, capaz de criar volume de jogo no último terço do campo. Para se ter uma ideia, o time de Gallo foi o segundo pior em finalizações certas nas sete primeiras rodadas, com apenas 22 chutes no alvo. É sintomático.

O péssimo planejamento ainda não foi capaz de destruir a temporada do Vitória, mas comprometeu bastante as pretensões do clube em 2017. Além de desgastar a relação com a torcida e criar um clima de preocupação dentro do próprio elenco, as ações rubro-negras no primeiro semestre decepcionaram. Que o tempo não seja implacável com o Leão, e que a Nossa Senhora da Organização seja capaz de ajudar o atual campeão baiano.

*Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos

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