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Herbem Gramacho

Herbem Gramacho: A chama da torcida mista não pode apagar

Herbem Gramacho (herbem.gramacho@redebahia.com.br)

A torcida mista foi um sucesso no primeiro dos prováveis sete Ba-Vis que teremos em 2017. Qual a novidade? Nenhuma. Novo, na verdade, é o hiato de intolerância criado a partir de 2008, após a interdição da Fonte Nova em novembro de 2007, quando fomos induzidos a nos posicionar separados do torcedor adversário por alambrados, muros e cordões de isolamento. A isso deram o nome de setorização, o mantra dos cartolas do século 21, estimulado pela possibilidade de criar novas receitas para os clubes e fixado de vez com a construção das arenas para a Copa 2014. Por consequência, o jeito espontâneo de torcer junto e misturado foi substituído pelo manual do torcedor: sente aqui e comporte-se assim, pois segurança e conforto só existem no tal “futebol moderno”. Um erro.

A oferta descompassada da procura gera insatisfação dos dois lados, e este é o ponto ao qual o mercado chegou. Levou um tempo, mas enfim percebeu que a torcida mista não é incompatível às nuances do tal futebol moderno (seja lá o que esta entidade signifique). Mercado, esporte e cultura não são rivais. Pelo contrário. Todos ganham com a junção.

É possível ser atraente do ponto de vista mercadológico sem afastar do convívio vencedores e vencidos, sem recusar conceitos de fraternidade. Mais: saber conviver com o diferente é fundamental para a vida em sociedade, no estádio e fora dele.

O primeiro passo desse reencontro foi dado, e o resultado no Ba-Vi do dia 9 de abril foi excelente, a despeito da ameaça do Ministério Público, que aventou a hipótese estúpida da torcida única, “amparado” em um assassinato ocorrido em um posto de gasolina após a partida, um caso (mais um!) escancarado do fracasso que é a segurança pública em Salvador. Oportunistas não passarão. 

Semana que vem teremos mais dois Ba-Vis, ambos pela semifinal da Copa do Nordeste e sem torcida mista. Uma interrupção para ser lamentada, embora esteja prevista, já que o acordo entre Bahia e Vitória restringe-se ao Campeonato Baiano. Por isso fica o apelo do colunista não só aos dirigentes, mas à comunidade futebolística como um todo, o que inclui torcedores, jogadores e imprensa: não podemos deixar a torcida mista acabar novamente. Ela voltará nos dois jogos da final do Campeonato Baiano (Vitória da Conquista e Fluminense que não se sintam desrespeitados, mas vai dar Ba-Vi) e precisa permanecer também nos dois clássicos pelo Campeonato Brasileiro. A nova geração não pode crescer achando que a hostilidade é o padrão.

VITÓRIA
  

Fim da linha para o futebol baiano na Copa do Brasil. Mais um ano praticamente jogado fora no que diz respeito a se fotalecer além das fronteiras do estado ou do Nordeste. Praticamente porque ainda resta a Série A. Mas considerando o retrospecto na competição e a atualidade, não dá para esperar da dupla Ba-Vi uma campanha de protagonismo no Brasileirão.  Os dois foram eliminados da taça nacional por uma equipe de Série B. Sou contra sofrer por antecipação e enxergar somente as fraquezas dos times locais, mas falta menos de um mês para o início do Campeonato Brasileiro - dia 13 de maio - e tanto o elenco tricolor quanto o rubro-negro carece de uma encorpada. Não com jogadores medianos. Só os acima da média podem elevar o patamar de Bahia e Vitória, que teoricamente entram no campeonato como times de meio de tabela para baixo, e não de meio para cima.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.

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