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Herbem Gramacho

Herbem Gramacho: A dor e a delícia de torcer por Bahia ou Vitória

Herbem Gramacho (herbem.gramacho@redebahia.com.br)
Atualizado em 13/07/2017 09:31:42

O comentário surgiu em um misto de piada e lamento da amiga Maristela há alguns anos, mas tem se tornado máxima no Brasileirão por pontos corridos: o baiano começa a competição torcendo apenas por um time, e, ao longo do campeonato, vai aumentando esse número, emitindo vibrações não só para seu Bahia ou seu Vitória, mas também pelas equipes que enfrentam os concorrentes diretos da dupla Ba-Vi.

Este ano, o múltiplo afeto começou cedo demais. Doze rodadas bastaram para o torcedor rubro-negro não apenas ter desejado vencer o Vasco, como para torcer também para que o Coritiba ganhe do Avaí hoje e, se possível, por um empate entre São Paulo e o lanterna Atlético Goianiense, o que segura os dois lá embaixo na tabela. De quebra, torceu para a Ponte Preta diante do Bahia, embora isto já fosse acontecer naturalmente por causa da rivalidade. O mesmo raciocínio vale se trocar o termo rubro-negro por tricolor.

O primeiro terço do Brasileirão chega ao fim com Bahia e Vitória na mesma situação de briga contra o rebaixamento, porém os rivais traçaram caminhos diferentes até as agruras atuais.

O Bahia se amparou na saúde financeira para apostar na manutenção de um elenco que era insuficiente para aguentar o pique do Brasileirão sem sustos. O tricolor iniciou o campeonato em maio com um time competitivo, pois estava bem treinado e adotava uma postura sufocante em relação aos adversários, mas carecia de peças de reposição. Tinha titulares, porém não tinha reservas. E para não estourar o caixa, continuou assim. Este cenário em um contexto com troca de técnico e perda de jogadores importantes em algumas partidas (Edson, Edigar Junio e, por incrível que pareça, Lucas Fonseca) resultou na queda de rendimento.

Já o Vitória fez o oposto. Com dinheiro de herança, a atual diretoria apostou na fórmula de gastar muito, embora as cifras envolvidas não fossem condizentes, em alguns casos, com a situação dos atletas contratados. A planilha contendo os valores dos salários dos jogadores, que circulou via WhatsApp no início da semana, é verídica e evidencia erros de avaliação cometidos na montagem da equipe.

Os salários não serão citados aqui para evitar mais invasão de privacidade do que o vazamento já causou, mas dá para exemplificar. O Leão fez dois anos e meio de contrato com Cleiton Xavier, que tinha 33 anos quando chegou e vinha de uma temporada na reserva do Palmeiras. Mesmo assim, a diretoria comprometeu R$ 12 milhões com o investimento feito nele, considerando todos os gastos com salários e direitos de imagem até o fim do contrato, em julho de 2019, e as luvas e comissão do empresário pagas na aquisição. 

O rubro-negro também arriscou com Dátolo (que tinha 32 anos) mesmo após um ano marcado por quatro lesões no Atlético Mineiro; e pagou um salário alto para Pisculichi (este com 33 anos) e Pineda, jogadores que a diretoria sequer tinha visto jogar recentemente, até porque eles não entravam em campo desde maio e junho de 2016, respectivamente.

Paralelo aos erros que vêm de cima, o Vitória chegou ao início da Série A ainda sem ter um time bem montado, trabalho que Gallo tenta desenvolver. Não deveria caber a ele, que chegou em junho, essa missão. 


Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.

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