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Herbem Gramacho

Herbem Gramacho: A insurreição na Copa do Nordeste

Herbem Gramacho (herbem.gramacho@redebahia.com.br)
Atualizado em 06/07/2017 17:17:17

A final da Copa do Nordeste aconteceu em maio, mas Bahia e Sport continuam em lados opostos até agora. Não mais no campo da bola, e sim no das ideias. A saída do rubro-negro pernambucano da Liga do Nordeste expõe a maneira diferente que os dois maiores clubes da região enxergam o futebol.

A diretoria do Bahia sempre defendeu abertamente a Copa do Nordeste, chegando até a se fragilizar no Campeonato Baiano por causa disso. Parte do princípio de que os clubes em bloco ganham poder e autonomia, o que é difícil conseguir no modelo brasileiro de culto ao cartório, ao intermediário, papel que no futebol é exercido pelas federações estaduais e nacional (CBF).

No Brasil, são as federações ou a confederação os responsáveis por organizar os campeonatos. Ou seja, pela gestão de um negócio que tem dois atores fundamentais: os times, que são a razão de ser da modalidade, e o mercado, que patrocina e paga as contas. Qual a necessidade de um intermediário nessa relação?

Intermediário é custo. E por isso surgiu, ainda por ideia de Paulo Carneiro em 2001, a Liga do Nordeste, uma associação de clubes que, como tal, tem por essência dar mais receita aos times, negociando diretamente com o mercado. Para facilitar o entendimento, é esse o princípio da Premier League, hoje referência de sucesso mundial, fundada em 1992 na Inglaterra.

Por aqui, deu briga. Mas após um acordo judicial que livrou a CBF de pagar uma indenização milionária à Liga, a confederação garantiu a Copa do Nordeste até 2022. E clubes e federações foram se alinhando até que o Nordestão cresceu absurdamente, virou Lampions League e se tornou um grande caso de sucesso feito pela única liga de clubes que deu certo no Brasil - dado o fracasso da Primeira Liga, que não tem articulação e acontece à margem do calendário oficial. O Bahia está satisfeito? Não, acha que há como ganhar mais, pela grandeza que o campeonato tomou.

Aí entra o Sport. Importante salientar que a diretoria do Leão pernambucano não é contra a associação de clubes em si – o Sport foi, inclusive, um dos idealizadores no início do século. Mas, ao contrário do Bahia, que pretende fazer a Liga crescer participando dela, o Leão da Ilha abandonou o barco por entender que deveria receber mais do que recebe. E quer arregimentar outros times para fundar uma nova liga e um outro torneio regional. 

Parênteses para os números: o Sport recebe cota de R$ 950 mil para disputar o Pernambucano, com contrato vigente até 2018. Seja finalista ou eliminado na primeira fase, receberá a mesma quantia. Na Copa do Nordeste, recebeu R$ 2,1 milhões neste ano porque chegou à final. Se tivesse caído na fase de grupos, teria recebido R$ 600 mil. O contrato da Liga com o Esporte Interativo vai até 2022 e, para 2018, a previsão de aumento é de 24%. Portanto, deficitária não é a palavra adequada, já que o Sport está colado com a Federação Pernambucana, organizadora do estadual. E dele não reclama.

A questão passa a ser: quanto o Nordestão poderia render e não rende aos clubes, particularmente ao Sport?  Se ele quer receber muito mais dinheiro, das duas uma: tirar da cota dos times menores – o que não está em pauta - ou fazer um novo acordo comercial. Arrisco dizer que a explicação para a cisão encabeçada pelo clube provavelmente está aí. Mas esta carta na manga o Sport não mostrou ainda.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.

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