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Herbem Gramacho

Herbem Gramacho: Obrigado, Barcelona!

Herbem Gramacho (herbem.gramacho@redebahia.com.br)
Atualizado em 09/03/2017 10:56:02

A classificação do Barcelona na Liga dos Campeões da Europa foi a reunião do que os melhores adjetivos da língua portuguesa podem produzir. Nos mostrou que a fantasia é perene em um dia em que o time mais encantador do mundo foi, realmente, o time mais encantador do mundo.

Ver Iniesta, Messi, Neymar e Suárez - quatro expoentes do que há de mais pura arte nesse esporte - falharem seria vivenciar a finitude do homem e constatar a cruel realidade dos confrontos mata-mata, nos quais o melhor no geral não necessariamente é o melhor no confronto. O time do PSG é pior que o do Barcelona, mas era superior no duelo particular e avançava com justiça, já que Di María havia comandado o vareio no jogo de ida, na França, e a determinação defensiva segurava a classificação ontem. 

Pelo menos até os 50 minutos do segundo tempo. Naquele instante em que Sergi Roberto completou meio de carrinho, meio de voadora e marcou o sexto gol, acredite, o mundo evoluiu. Foi como se a Seleção de 82 tivesse vencido aquela Copa.

Ganharam não só os catalães, ganhamos nós também. Ligar a TV para ver o Barcelona no meio de uma tarde é como ler José de Alencar na adolescência, Vargas Llosa ou Gay Talese. É ouvir Vinícius de Moraes enquanto pensa na mulher amada. É momento de aprendizado e distração. Cultura e entretenimento. Vida e ficção. Por sinal, quanta vida há naquela miragem a que assistimos ontem!

O milagre do Camp Nou, de grandiosidade realçada não só pelos seis gols, mas também pelos três gols marcados nos oito minutos finais (com uma boa ajuda do juizão), devolvem o Barcelona ao seu lugar na estante dos sonhos ocupada por raras equipes no futebol mundial que conseguem fazer vibrar não apenas seus fãs, mas os fãs que amam o jogo. O Barça se proclama mais que um clube por causa da identificação que tem com o sentimento separatista do povo da Catalunha em relação à Espanha. Esse engajamento é muito importante para os catalães, mas cá entre nós, o Barça é mais que um clube simplesmente porque faz nossos olhos brilharem, e isso basta. Amamos este jogo porque, décadas após décadas, surge e há de surgir sempre um Barcelona para nos fazer exibir nosso sorriso mais maroto ou nosso riso mais escrachado diante de um aparelho de TV. 

Obrigado, Barcelona, por escrever (mais) um lindo capítulo na história do futebol.

Bahia

O Bahia pode alegar cansaço, pode reclamar do regulamento, mas só não pode fazer uma coisa: se furtar de perceber que é vergonhoso ser eliminado na segunda fase da Copa do Brasil pelo Paraná, que já se enraizou como time de Série B.

O pior é constatar que o Paraná é o time mais “graduado” que o Bahia enfrentou neste ano, já que no Campeonato Baiano o tricolor ainda não enfrentou o Vitória e, na Copa do Nordeste, o melhor que pegou foi o Fortaleza, da Série C. 

Agora que já foi, o resultado precisa ser bem aproveitado no Fazendão para o Bahia se questionar mais. O problema não está no rodízio implantado por Guto Ferreira, que assim mantém o elenco homogêneo. O problema é ter essa homogeneidade nota 6, que fará do Bahia um time quase sempre competitivo, já que tem conjunto e padrão tático, mas também quase sempre mediano nas grandes disputas em que entrar, como a Série A.

A coluna entra de férias a partir da próxima semana e retorna em abril. Até lá.


Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.

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