TECNOLOGIA
Mais Lidas
Herbem Gramacho

Herbem Gramacho: Qual time no Brasil leva pré-temporada a sério? Quase nenhum

Herbem Gramacho (herbem.gramacho@redebahia.com.br)

Argel iniciou a temporada convicto de que precisava repetir o time titular do Vitória o máximo possível para ganhar entrosamento. Um raciocínio coerente, afinal, o esqueleto da equipe foi desmontado na virada do ano e somente Fernando Miguel, Willian Farias e Kieza continuaram.

Seis jogos fizeram o treinador mudar sua convicção. Incoerência? Não. Choque de realidade. Ontem, apenas 20 dias depois que a temporada começou e ainda no sétimo jogo oficial do ano, o Vitória já apareceu com time misto diante do Flamengo de Guanambi. Sete titulares poupados. Argel percebeu que, embora a equipe necessite de entrosamento, antes ele precisa dos jogadores bem fisicamente para aguentar o ritmo intenso de um jogo a cada três dias. 

Nesse ponto, é comum ouvir jogadores, treinadores e dirigentes criticarem o calendário do futebol brasileiro (o que não foi o caso do técnico rubro-negro). Falta, porém, uma autocrítica.

Qual time no Brasil aproveita o mês de janeiro para realmente fazer uma pré-temporada? Entenda-se pré-temporada como período intenso de preparação física e arrumação do conjunto por parte do treinador. Mas como o técnico pode começar a dar um padrão tático se os clubes deixam para montar o elenco quando a pré-temporada já começou ou, pior ainda, com a temporada em andamento?

Esta é a realidade da maioria dos clubes brasileiros. O correto seria fazer as contratações no período das férias, em dezembro, e utilizar a pré-temporada como etapa de treinos, em janeiro, para  iniciar as competições já com algum ritmo, tanto físico quanto técnico. Porém, o mundo real tem especulações em dezembro, contratações em janeiro e... as competições já começam no fim de janeiro.

Mesmo que o técnico consiga usar janeiro para treinar, ele terá treinado uma equipe que não corresponde à que será vista um ou dois meses depois, porque as contratações chegarão. E esse tempo perdido é irrecuperável. O calendário brasileiro tem muitos jogos, é fato. Mas a falta de organização também parte dos clubes.

Esta pré-temporada ainda teve um agravante. Ela foi mais curta para os times que jogaram a Série A em 2016, caso do Vitória, porque a tragédia com a Chapecoense adiou o final do Brasileirão para 11 de dezembro.


PACIÊNCIA?

Na terça-feira, véspera do jogo contra o Flamengo de Guanambi, o centroavante André Lima pediu ao torcedor do Vitória para ter paciência, pois o time está em formação e, nesta fase, é mais importante vencer do que convencer. Faz sentido.

Só que a paciência de quem foi ao Barradão ontem nem precisou ser testada, tamanha a facilidade que o mistão rubro-negro teve para golear o Flamengo de Guanambi. Com rápida movimentação e eficiência ofensivas, o Leão não só venceu, como convenceu. Lógico que o adversário não colocou o mínimo de resistência, mas isso não é problema do Vitória. Nos estaduais, o que se espera do time grande é ganhar fácil dos pequenos. Foi o que aconteceu no Barradão.

E por falar em paciência, ela faltou à diretoria rubro-negra e a Argel com o lateral-direito Leandro Salino. Ele teve uma boa atuação no amistoso contra o Atlântico, começou o ano como titular e fez três partidas aceitáveis até falhar bisonhamente na derrota para o Botafogo-PB. Depois dali, Salino não só saiu do time, como a diretoria já fez contato com Patric, do Atlético-MG. Isso para uma posição que ainda tem Norberto e o jovem Cedric, que começa a ganhar espaço no profissional. 

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.

publicidade

Últimas

+ Notícias