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Ivan Dias Marques

Ivan Dias Marques: Mineiramente rumo ao bicampeonato

Ivan Dias Marques (ivan.marques@redebahia.com.br)

Ao contrário do que muitos possam pensar, Adriano de Souza não nasceu em Minas Gerais. Vencedor da etapa carioca do Circuito Mundial de Surfe deste ano e campeão mundial em 2015, ele nasceu no Guarujá, em São Paulo. 

O apelido também não foi dado por causa do jeito tímido dele. Seu irmão, Ângelo, recebeu o apelido de Mineiro por isso. E, ele, irmão mais novo virou o quê? Mineirinho. Neste ano, a alcunha recebida por hereditariedade, de certa forma, tem mais sentido do que nunca.

Mineirinho tem ficado de fora de qualquer previsão para o título do WCT, inclusive das minhas. Ainda que tenha sido campeão mundial um ano depois de Gabriel Medina e ter a experiência de 11 anos na elite do surfe, sendo o brasileiro com mais tempo no tour atualmente, ele parece ser carta fora do baralho.

Medina é um garoto-propaganda melhor para as empresas brasileiras. Jovem, mais atlético, cheio de amizades com jogadores de futebol e outras personalidades, dá um retorno melhor. Para os americanos e até a World Surfe League (WSL), o havaiano John John Florence, campeão no ano passado, é um ótimo exemplo. Bom moço, não se envolve em confusão e tem muito talento. O grande sonho americano. O terceiro grande favorito apontado é o sul-africano Jordy Smith. Também tem um surfe agressivo, de aéreos, como Medina e vem tendo resultados consistentes há algum tempo, ainda que seja irregular. É o atual vice-campeão mundial.

É “mineiramente” que Adriano tem feito seu papel e, hoje, está na vice-liderança do WCT, ao lado do próprio Smith e de Owen Wright, todos com 24.400 pontos, 350 a menos que Florence. 

Aparentemente, Mineirinho entrou para a “escola Kelly Slater” de surfe. Percebeu que não precisa ser o surfista mais impressionante, aquele que arranca gritos da torcida. Não precisa voar mais alto e nem inventar manobras. Com o regulamento debaixo do braço, sabendo bem quais manobras contam mais pontos, ele faz aquilo que lhe dá pontos no entendimento dos juízes, tira boas notas e joga com a preferência nos minutos finais das baterias. 

Assim, não perdeu uma sequer no Rio. Passou direto desde a primeira até a final, ainda que algumas séries tenham sido bem equilibradas. Não se envolve em confusões com a WSL, como Medina e Filipe Toledo, ainda que, no caso do primeiro, no ano passado, muitas vezes com razão.

Assim, a campanha dele até aqui já supera de longe a do ano passado. Em 2016, ele tinha um 3º, um 5º e dois 13º. Este ano, tem o título no Rio, dois 5º e um 9º. Precisa manter a regularidade, como é sua característica, e, de preferência, conseguir um bom resultado no Taiti, etapa em que, tradicionalmente, vai mal.

Entre o talento explosivo de Medina, a frieza de John John e a irregularidade de Jordy, Mineirinho pode conseguir seu segundo título mundial comendo pelas beiradas. A pontuação do WCT permite que não seja necessário nem ganhar etapas para levantar o caneco. É seguir em linha reta, sem oscilações, mineirinho, mineirinho. 

Cigano

Decepcionante, mas, infelizmente, previsível a derrota de Junior Cigano para Stipe Miocic. O catarinense não mostrou suas principais características: boxe afiado, agressividade e o queixo que um dia foi duro. Difícil enxergar uma outra possibilidade dele voltar a ter uma nova chance de conquistar o cinturão. As únicas alternativas parecem ser torcer para que Fabricio Werdum, com quem tem uma rixa já histórica, volte a ser campeão ou que se crie uma nova categoria, intermediária entre os meio-pesados e os pesados, com parece ser intenção das comissões atléticas americanas por conta dos seguidos problemas com perda de peso dos lutadores nos dias próximos aos combates. Ainda assim, Cigano precisa se reinventar. Ou seu período áureo passará a ser exceção em sua carreira. 

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