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Ivan Dias Marques

Ivan Dias Marques: Por que José Aldo perdeu sua luta?

(Ivan.Marques@redebahia.com.br)
Atualizado em 09/06/2017 12:01:14

O torcedor brasileiro é estranho. Na mesma medida que defende seus esportistas com todas as forças antes do jogo/luta/prova começar, costuma ter apenas duas explicações para quando um atleta nacional, principalmente se for o favorito, perde: conspiração externa (o popular ‘roubo’) ou interna (‘entregada’). No máximo, junta-se uma desculpa que o esportista estava machucado ou ‘estranho’.

Temos, por característica quase inerente, o vira-latismo geral. Menos no esporte (só quando somos favoritos, porque a falta de reconhecimento dos bons resultados é latente). Assim, quase sempre não se consegue encarar o óbvio: o rival foi melhor.

Esse é o motivo maior de José Aldo ter perdido para Max Holloway no último sábado. O americano teve resistência no 1º round, cresceu no segundo e aproveitou as poucas brechas do brasileiro para encaixar uma sequência e unificar os cinturões do peso pena.

Obviamente, existem fatores secundários, que podem contribuir - o cansaço um tanto fora do normal de Aldo, por exemplo. Mas, em linhas gerais, o título está nas mãos daquele que foi melhor dentro do octógono. O brasileiro, se assim desejar e lutar para isso, terá a chance de recuperar o cinturão, provavelmente, no início do ano que vem. 

Surpreendente mesmo foi a luta que fez Vitor Belfort. Não pelo equilíbrio, mas pelo desenrolar dela. O Fenômeno, que iria se aposentar e desistiu, percebeu que o caminho para alguém de sua idade (40 anos) se manter ativo no MMA de alto nível hoje mais se assemelha a uma maratona do que a uma corrida de 100 m rasos.

Assim, dosar o gás e ter uma estratégia (e segui-la, claro) é muito mais importante do que saciar a sede de sangue. O punch é a última característica que abandona o lutador. O queixo vai embora bem mais cedo. Assim, é prudente esperar a hora certa de usar as melhores armas.

É difícil Belfort voltar a disputar o cinturão dos médios, ainda que ele esteja de posse de um lutador medíocre, dois anos mais novo e já nocauteado por ele, como é Michael Bisping. Mas muito mais pela fila que está à frente do Fenômeno, que não vai deixar o inglês (que já fala em aposentadoria) com o cinturão por muito tempo. Assim, com essa mudança de pensamento, é mais fácil Belfort conseguir se manter ativo e se divertindo por mais alguns anos.

SEM BANDEIRA

As eleições para a presidência da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), que são previstas para hoje, podem transformar a entidade numa confederação pirata. Tudo porque a Federação Internacional de Natação (Fina) emitiu um comunicado ontem não reconhecendo a retirada de Coaracy Nunes e seus asseclas (que estão presos) pela Justiça Comum.

Sabemos que cartolas se reconhecem mutuamente e o comportamento não surpreende. Ainda que haja uma mea-culpa - poderia ter havido um diálogo com a Fina para explicar que o colégio eleitoral da CBDA não obedecia à lei brasileira, por mais que a mudança não tenha sido da forma que as regras da Fina indicam.

Na prática, os nadadores brasileiros deverão competir no Mundial de Budapeste, por exemplo, sem bandeira e, caso algum conquiste um ouro, nada de hino. De qualquer forma, melhor a bandeira pirata que a da corrupção.

*Ivan Dias Marques é subeditor e escreve às sexta-feiras

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