Miro Palma: CR7 merece o nosso respeito
Cristiano Ronaldo. Você pode até não gostar dele, mas precisa muito respeitá-lo. Aos 32 anos, o camisa 7 mais conhecido da história do futebol acaba de conquistar seu terceiro título da Liga dos Campeões da Europa com a camisa do Real Madrid, sendo o segundo de forma consecutiva. Em 2009, no Manchester United, o português já havia levantado a taça da Champions. Pela quinta temporada seguida, por sinal, tornou-se o artilheiro da maior competição de clubes do mundo. Para completar, chegou aos 600 gols marcados na carreira.
A palavra “impossível” parece não existir no dicionário de CR7. Nascido em Funchal, na Ilha da Madeira, no dia 5 de fevereiro de 1985, o jogador, assim como nos gramados, foi obrigado a driblar os obstáculos da vida desde a infância. Filho de uma cozinheira e um jardineiro com problemas de alcoolismo (falecido em 2005 por esse motivo), Ronaldo trilhou o seu caminho para o sucesso com muito trabalho e, apenas por isso, já merece ser admirado.
Viciado em jogar futebol, destacou-se desde as categorias de base do Sporting, época em que deixou a família de lado e, ainda adolescente, foi em busca de se tornar um atleta profissional. Em pouco tempo, já tinha se transferido para o Manchester United e, de 2009 até hoje, defende as cores do Real Madrid, o maior clube do mundo. O currículo é invejável e recheado de títulos por onde passou, inclusive a Eurocopa do ano passado com a seleção de Portugal.
Ronaldo parece se reinventar a cada dia. Apesar da forma física exemplar, deixou de atuar como um ponta esquerda veloz e destinou-se a trucidar os adversários como um goleador nato. Faz gol de falta, pênalti, cabeça e com as duas pernas, seja dentro ou fora da área. Entre as quartas de final e a decisão da Champions, por exemplo, foram 10 gols: cinco no Bayern de Munique, três no Atlético de Madrid e dois na Juventus. Por isso, é favorito a ganhar, pela quinta vez, o prêmio de melhor jogador do mundo pela Fifa, o que o faria igualar a seu “rival” Messi.
Com 408 gols em 395 partidas disputadas (média de 1,08 por jogo), Cristiano é o primeiro da lista de goleadores do Real Madrid. O segundo colocado é Raúl, com 323, seguido por ninguém menos que Alfredo Di Stéfano: 308. O ranking ainda conta com nomes como Carlos Santillana (290), Puskás (242) e Hugo Sánchez (208). E ainda assim, há quem tenha birra em relação a CR7, talvez pelo seu estilo meio ousado e marrento dentro e fora das quatro linhas.
Se engana, no entanto, quem acha que o português é uma pessoa de caráter duvidável. Já parou para pensar o motivo dele, uma personalidade tão midiática, não ter uma tatuagem sequer? O craque já declarou em algumas oportunidades que prefere não atrapalhar sua vida como doador de sangue. Os prazos são diferentes a depender do país, porém, quem faz tatuagem normalmente deve esperar de seis meses a um ano para fazer uma nova doação. O “gajo”, além disso, também é cadastrado como doador de medula óssea.
Cristiano Ronaldo não precisa ser uma unanimidade. Ele, entretanto, já tem o nome gravado na lista dos maiores jogadores da história do futebol mundial. Que me desculpem os mais fanáticos, mas não é nada inteligente torcer contra um jogador de um nível tão alto. De contrato renovado até 2021 com os merengues, CR7 ainda pode nos presentear com muito mais atuações fantásticas e gols. Só nos resta ter humildade, aplaudir e retribuir.
Miro Palma é subeditor e escreve às quartas-feiras.
