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Miro Palma

Miro Palma: O amadurecimento de Neymar

Miro Palma (miro.palma@redebahia.com.br)
Atualizado em 05/04/2017 15:43:17

“Mente sã, corpo são”, disse o filósofo e poeta romano Juvenal, em sua Sátira X, lá nos idos do século I. Se tivesse visto como anda Neymar agora, poderia até dizer: mente sã, cabelo sóbrio. Sim, o tempo dos moicanos, dos clareamentos e das trancinhas parece que ficou para trás junto com a rebeldia e o temperamento esquentado.

O camisa 10 da Seleção Brasileira voltou a usar a braçadeira de capitão sete meses após rejeitá-la depois dos Jogos Olímpicos do Rio. Na época, mesmo após conquistar o inédito ouro olímpico, o jogador disparou um clichê de Zagalo: “Vocês vão ter que me engolir”. Mas, hoje, o comportamento arredio já nem dá mais para se ver.

Na  coletiva de imprensa  que participou antes do jogo contra o Paraguai, pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo da Rússia, em 2018, Neymar apresentou uma postura muito mais madura. Seguro e mais calmo na relação com a imprensa e, principalmente, confiante ao lado dos companheiros e do técnico Tite, não se esquivou em fazer um balanço da sua mudança dentro e fora de campo.

“A gente recebe muitos conselhos durante a carreira, mas aprende de verdade quando se machuca ou faz a coisa errada. Eu já passei por muita coisa, tentei discutir em momentos em que não era necessário, levei amarelo, vermelho, prejudiquei companheiros. Mas, com o tempo, você fica mais maduro. Hoje só penso em ajudar meus companheiros, fico mais centrado em campo, me preocupo com o que o professor passa, deixo de lado as provocações, as pancadas”, avaliou.

O reconhecimento dos erros diante dos jornalistas foi uma surpresa positiva para aqueles que, até então, eram encarados pelo astro com uma certa rivalidade. Ele, que estava sem conceder entrevistas pela Seleção desde a Olimpíada, mostrou que deixou de lado a animosidade com a imprensa. Os tempos são, mesmo, outros.

E se a mente está sã, o corpo também, não é mesmo? Em campo, Neymar vive sua melhor fase. No jogo contra o Paraguai, no dia 28 de março, no estádio Itaquerão, essa maturidade recém-alcançada estava na ponta das chuteiras. Se fosse há um tempo atrás, as faltas que ele sofreu no primeiro tempo e o pênalti perdido no segundo já teriam desestruturado o jogador. Não foi o que aconteceu. O camisa 10 manteve o equilíbrio e criou os melhores lances da equipe, além de deixar o gol dele depois de uma bela arrancada de trás do meio-campo. O segundo gol dos três que garantiram a vaga do Brasil na Copa.

A nova versão de Neymar também está rendendo no Barcelona. No último domingo, o brasileiro chegou ao centésimo gol com a camisa azul-grená. Realizou o feito mais rápido que o argentino Messi, que precisou de 186 jogos no Barça para alcançar a marca, enquanto Neymar fez em 177 partidas. O craque brasileiro, com esse desempenho recente, já foi até considerado o segundo jogador mais valioso do mundo pelo site alemão Transfermarkt, ao lado do português Cristiano Ronaldo. Só perdem, ainda, para o argentino Messi. 

Desde o começo, no Santos, seus passos foram acompanhados por previsões de sucesso. A maioria delas estava certa e o menino da Vila virou uma importante peça na maior seleção de futebol de todos os tempos e, também, em um dos maiores times do mundo. Mas, como nem tudo são flores, nessa estrada as polêmicas sempre estiveram presentes. O que não é anormal ao universo dos esportistas famosos, mas com ele sempre renderam muito pano pra manga. Agora, Neymar parece querer deixar elas de lado. Que bom. Já estava na hora de deixar para os holofotes o que ele faz de melhor: jogar futebol. Parece que a “Era Tite” tem operado milagres na Seleção. Falta pouco para Neymar virar o melhor do mundo. Quem sabe em 2018...

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às quartas-feiras

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