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Miro Palma

Miro Palma: Violência no futebol, até quando?

Miro Palma (miro.palma@redebahia.com.br)

A violência no futebol gerou mais um episódio lamentável quando, no último domingo, durante um confronto entre torcidas do Corinthians e do Coritiba, um torcedor do alvinegro foi espancado pela torcida rival próximo ao estádio Couto Pereira, antes da partida que terminou 0x0.

Dos mais de dez homens que agrediram o corintiano Jonatan José Gomes Souza da Silva,  29 anos, nas imagens captadas pela Sccp News – inclusive chutando sua cabeça ao mesmo tempo que ele já estava desacordado –, apenas um foi preso. Identificado como João Carlos de Paula, 24 anos, o agressor vestia uma camisa da torcida organizada Império Alviverde e foi preso em flagrante enquanto assistia ao jogo na arquibancada.

A confusão deixou, ao menos, cerca de sete pessoas feridas, de acordo com a Guarda Municipal de Curitiba, e uma pergunta que persiste sem resposta: até quando vamos assistir barbáries como essa?

Provavelmente por um bom tempo enquanto continuarmos com penas brandas para casos como esses e, mais ainda, com a impunidade que estimula a violência. Afinal, o que aconteceu com os torcedores do Corinthians que assassinaram um garoto boliviano de 14 anos com um sinalizador em 2013? Ou com os arruaceiros que entraram em guerra nas arquibancadas do jogo entre Vasco e Atlético-PR no mesmo ano? Nada. 

Temos exemplos de sucesso para copiar. A Inglaterra, que sofreu com os Hooligans, desde a década de 80, passou a ter uma forte repressão policial e uma política de prevenção à violência com leis mais duras. Além disso, um trabalho de inteligência com monitoramento em todos os estádios contribui para a identificação dos brigões. As punições, muito mais severas do que as nossas, podem obrigar um torcedor a ficar de três a dez anos afastado dos estádios. Aqui, quando há uma medida similar, os torcedores entram ilegalmente. Lá, eles são obrigados a ficar em uma delegacia quando o time está jogando. E se a seleção ou o clube for atuar em outro país, o vândalo tem que entregar o passaporte às autoridades cinco dias antes do jogo. E se ele não cumprir essas exigências é preso e processado.

A Espanha tem um modelo que atinge onde mais dói: no bolso. A violência no futebol pode levar a multas de até 650 mil euros. Uma invasão no campo custa ao torcedor até 60 mil euros. Sem falar em prisões de até quatro anos para delitos cometidos em praças esportivas.

Não são ações impossíveis de serem aplicadas por aqui. Algumas, na teoria, até já figuram no Estatuto do Torcedor. Porém, precisam ser colocadas em prática e fiscalizadas. De que adianta a lei se ela não é cumprida?

A impunidade é um mal da nossa sociedade, é bem verdade. Por isso mesmo, a discussão é ainda mais pertinente no âmbito do futebol. Esses criminosos não são torcedores. Esqueçam os escudos que eles levam no peito, isso é um pretexto para destilar a brutalidade, a raiva e a frustração que transportam dentro de si. Se não houvesse o futebol, estariam carregando outra bandeira para manifestar a sua agressividade.

As torcidas estão longe de serem organizadas. Não existe torcedor violento, o que existe é um sociopata com uma justificativa para praticar a violência. Enquanto não forem tratados dessa forma, seguiremos vivenciando tantas cenas de terror no mundo do futebol.

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às quartas-feiras

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