Diretor da Paixão de Cristo nega polêmica com Arquidiocese sobre figurino de atriz

Segundo Paulo Dourado, peça não foi censurada por sensualidade da personagem Salomé, que apareceu em trajes transparentes

Publicado em 8 de março de 2017 às 08:42

- Atualizado há um ano

Espetáculo Paixão de Cristo ocorrido no ano passado (Foto: Almiro Lopes)O diretor do espetáculo Paixão de Cristo em Salvador, Paulo Dourado, negou que a peça tenha sido censurada devido à sensualidade da personagem Salomé, que aparece em uma das cenas usando roupas transparentes, segundo noticiado na Satélite desta terça-feira (7). Segundo a coluna, o figurino usado em 2016 teria provocado mal estar junto à cúpula da Igreja Católica em Salvador e inviabilizado patrocínio da prefeitura para a montagem deste ano. No entanto, as fontes ouvidas pela Satélite fizeram referência à representação de Maria Madalena, e não a Salomé.

”Ninguém nunca me procurou, nem da prefeitura, nem da Arquidiocese”, disse. Segundo o diretor de teatro, idealizador do espétaculo, não há confirmação por parte da gestão municipal nem de patrocinadores privados quanto à realização do espetáculo na Semana Santa deste ano, apesar de ele ter iniciado os contatos com a Secretaria de Cultura de Salvador (Secult) em setembro de 2016. “Ninguém me disse que sim, nem que não, nem talvez”, acrescentou.

O diretor assegura que caso sejam solicitadas alterações, elas serão feitas, desde que não interfiram na essência do espetáculo. “Eu mudaria o que tivesse que ser mudado, com todo prazer. Estou inteiramente aberto para o que for necessário para a realização do espetáculo. Se Salomé tiver com uma roupa mais comprida, não vai fazer diferença. Nossos atores são bons, eles vão conseguir passar o teor da cena”, afirmou.

PolêmicaQuanto à polêmica cena em que Salomé aparece com uma roupa cor da pele, transparente e com um sutiã de lantejoulas por cima, Dourado afirma que não há imoralidade neste trecho da peça. “Salomé está de biquíni, que todo mundo está de um jeito que todo mundo vê por aí as garotas na praia, na televisão. Não tem nada de imoral”, alegou.

Ele também alegou que a peça não é voltada para o público infantil, falando sobre as possíveis acusações de excesso de sensualidade na cena acima citada. “Salomé seduz o padrasto, segundo a Bíblia. Do ponto de vista histórico Salomé, está vestida como uma dançarina da época. A vida de Cristo não é uma peça para crianças, é uma peça complexa, é uma tragédia”.

De acordo com o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Cláudio Tinoco, ele não tem conhecimento sobre uma possível queixa da Arquidiocese ou de qualquer outra instituição em relação a encenação da Paixão de Cristo.

"Recebemos o projeto em janeiro e estamos analisando a viabilidade de patrocínio. Desde então, não recebi nenhum tipo de queixa ou registro de insatisfação oficial ou extra oficial", disse Tinoco em entrevista ao CORREIO. A Arquidiocese ainda não se pronunciou sobre o assunto. Procurada, a coluna Satélite disse que mantêm as informações publicadas, cujo teor foi confirmado por integrantes do Palácio Thomé de Souza.