Aninha Franco: Brasil, chega de velhice

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  • Aninha Franco

Publicado em 29 de abril de 2017 às 09:09

- Atualizado há um ano

Nessa semana, os índios atacaram o Congresso Nacional com arcos e flechas e a polícia do Congresso apreendeu mais de 50 flechas e atacou os índios com spray de pimenta e bombas de efeito moral. O Foro Privilegiado, que ainda diferencia mais de 35 mil funcionários públicos dos demais brasileiros, começou a cair. E os quase 17 mil sindicatos pátrios que recebiam o imposto compulsório que surrupia um dia de trabalho de cada trabalhador brasileiro, com a reforma trabalhista aprovada pela Câmera, deixarão de receber e ratear bilhões de reais entre, por exemplo, o Sindicato das Secretarias do Estado da Bahia, o Sindicato Intermunicipal dos Empregados em Condomínios no Sul e Sudoeste da Bahia, o Sindicato dos Arrumadores de Fortaleza, o Sindicato dos Oficiais Alfaiates Costureiras e Trabalhadores nas Indústrias de Confecções de Roupas em Geral e de Chapéus de Senhoras de Maracanau/CE, ou o Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Sindicais no DF. A semana define, com precisão, o Brasil contemporâneo que está lutando para chegar ao século 21. Brasil que tem muito mais igrejas que sindicatos e onde as igrejas não recolhem impostos. Brasil fruto de uma colonização que priorizou o combate ao pensamento, com ferocidade, durante o tempo colonial, e o Império até o golpe militar republicano, em 1889. Brasil onde as repúblicas, a nova, a velha, a novíssima, a redemocratizada, todas, sem exceções, combateram o pensamento, arma contra a velhice e o atraso, todas sem permitirem aos autoctones ideias próprias, americanas brasileiras, nas academias e universidades vetustas, europeias e eurocentristas. A juventude que atribuem ao Brasil invadido em 1500 pelos portugueses nunca houve e talvez nunca chegue. Os gestores brasileiros, aqueles que tentam legislar no Brasil, e que têm sido mostrados nas emissoras de TV, lembram os personagens da Dança dos Vampiros de Polanski. O poder Executivo, tão bizarro quanto, sequenciou Fernando Collor, o coronel, Lula da Silva, o pelego, Dilma Rousseff, a muito louca, Michel Temer, o vampiro, todos personagens de tragicomédias. Li, recentemente, Passando a Limpo (Record, 1993) de Pedro Collor, que morreu em 1994, denunciando PC Farias, que morreu em 1996, que era aliado de Fernando Collor que quando foi governador de Alagoas dispunha de um babalorixá entre seus assessores que morreu envenenado quando o governador tornou-se presidente. Lula, presidente da República, gabou-se de nunca ter lido um livro em sua existência, e agora, depois de tentar desmoralizar o pensamento, está tentando desmoralizar a Justiça do país que, pela primeira vez, age fora dos padrões do compadrio e do patrimonialismo em Curitiba, cidade de educação não ibérica. Talvez o não uso do cérebro nos primeiros anos de vida, e o pouco uso do cérebro agora, tenham feito do Brasil, este país tão inquietante e rico, obsoleto e incapaz de atualizar seu destino. Milhares de humanos irracionais, dentro e fora dos governos, fazem do Brasil um país que sobrevive de muitos séculos já ultrapassados por outras nações, e com quase nenhum século 21 que resultou da vivência inteligente deles.