Trilhas: Ao 2 de Julho

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  • Aninha Franco

Publicado em 1 de julho de 2017 às 13:32

- Atualizado há um ano

O hino mais adequado ao Brasil, hoje, é “a situação do Brasil vai muito mal, qualquer ladrão é patente nacional” de Juca Chaves, mas amanhã precisamos cantar o “nasce o sol a 2 de Julho, brilha mais, brilha mais que o primeiro” para lembrar de nossos antepassados de muitas etnias que se matavam de dia e se inventavam de noite. Antes, durante e depois de 1823, o caboclo, a cabocla, os escravos boçais e sabidos, os homens nobres, os mulatos desavergonhados, todos juntos, para impedir que os mazombos levassem o dinheiro do Brasil! 1823 foi um fora Portugal de brasileiros unidos. Os mazombos juntaram as trouxas, entraram nos barcos e se foram pra casa de onde, hoje, assistem novelas.br, aprendem a prosódia dos muitos Brasis e difamam os brasileiros com piadas de preguiça. Dizem que estão muito bem, que morar em Portugal está bom de doer, e que é o melhor mercado para a música brasileira estraçalhada.    

Os mazombos se foram mais ou menos, porque o Príncipe dos Mazombos ficou dono do Império, do celeiro do mundo, do gigante pela própria natureza, da floresta amazônica, do Caipora, do Curupira, dos orixás que as tribos africanas trouxeram nas cabeças, do bumba meu boi, dos Xangôs do Maranhão, dos maracatus de Pernambuco, da Cerâmica Marajoara, da moqueca e da maniçoba, do Santo Antônio Além do Carmo, do Pelourinho, do Rio Vermelho, de Arempebe e da Praia do Forte. O dinheiro continuou saindo, como antes, neste eterno quartel de Abrantes.  

E a cada proclamação, a da República, a da Velha República, a da Nova República, os proclamadores proclamavam e protegiam àquela senhora que nos foi imposta por razões coloniais e ficou, a senhora que nós, os cafusos, os curibocas, os pretos, os sararás, os morenos claros, os escuros, os negros, os caboclos, os carijós, os cabos-verdes, os aracuiabas, os canelas, os pardos, os mambeles, os acaboclados, os gazulas, os crioulos, os roxos de cabelo bom, mantemos conosco, apesar da sua feiura.

Esta senhora é o nosso horror. É ela quem elege os políticos sucessores dos mazombos, e é protegida por eles, que protegem sua permanência e impedem sua expulsão que precisa acontecer, a expulsão da ignorância, a única que diminuirá essa carnificina que continua acontecendo de dia e se inventando de noite na cidade da Baía, em seus arredores e nesse Brasil que um dia lhe teve como capital.

Se a ignorância tivesse sido expulsa na Independência ou na Proclamação da República, Lula nunca teria sido eleito. Se tivesse sido expulsa na Velha ou na Nova República, a Odebrecht, a OAS e a JBS jamais saqueariam o Estado. Se tivesse sido expulsa na redemocratização, Aécio e Lula já estariam presos, usando a mesma cela e o mesmo boi. Mas ela continua abrigada em milhares de casas brasileiras, nas ruas, protegendo a sanha patrimonialista e a incompetência dessa gente que nunca se sacia. 

Por isso, amanhã, reverenciemos o Sol que nascerá no 2 de Julho de 2017, aplaudamos a cabocla, o caboclo e o caminhão fantasma do vereador Cosme de Farias subindo o Largo do Pelourinho com a faixa Abaixo o Analfabetismo, trazendo Cosme, Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Consuelo Pondé, Betinho, Ruth Cardoso, exigindo, com eles, a expulsão da inimiga pública número 1 da Bahia e do Brasil, mais atroz que a corrupção, mais trágica que a desigualdade, mais violenta que a violência, porque fomenta, protege e admite todas elas!

*Aninha Franco é escritora e pensadora

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