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Victor Uchôa

Victor Uchôa: a CBF é um vexame geral

Victor Uchôa (vufirmo@gmail.com)

Como se sabe, a Seleção Brasileira já está garantida na Copa do Mundo que será disputada na Rússia em 2018, ainda que a matemática teime em mostrar que é preciso conseguir mais uns pontos antes de comprar as passagens.

Isto posto, pode ser que a delegação brasileira passe por uma situação meio vexatória durante o Mundial, pois é grande a chance de ser a única equipe que não terá o presidente de sua federação presente em Moscou.

Marco Polo Del Nero, sempre  vale a pena lembrar, desde 2015 não bota o pé fora do Brasil. Cheio de dinheiro e notório esbanjador, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é investigado pelo FBI e, claro, se pela de medo de ir parar num xadrez americano. Assim, só pode gastar no Brasil a fortuna reunida ao longo de anos – parte dela de maneira inconfessável.

Alguém pode argumentar que, sendo o torneio na Rússia, esta seria a oportunidade perfeita para Del Nero voltar a dar uma banda no exterior, coisa que ele fazia com frequência. Justifica-se: o presidente russo, Vladmir Putin, é tirado a cavalo do cão e não ia querer o FBI prendendo ninguém em seu quintal justamente durante a Copa do Mundo.

Nesta situação, entretanto, o vexame seria ainda mais explícito, pois Marco Polo Del Nero assinaria (outra vez) o atestado de culpa, utilizando a geopolítica global para tirar o passaporte da gaveta. Além do mais, frente ao risco de ser algemado até mesmo numa rápida conexão, ele teria que providenciar um voo direto para Moscou.

Também como estamos cansados de saber, o antecessor de Del Nero, José Maria Marin, está em prisão domiciliar há quase dois anos, lá nos States, e é outro que não pode gastar livremente a grana amealhada nos bastidores da bola. E o antecessor de Marin? É Ricardo Teixeira, outro enrolado com o FBI até o pescoço.

Este imenso e quase dispensável preâmbulo serve apenas para expor, uma vez mais, quem são os homens que controlam o futebol brasileiro há décadas. Diante de tal quadro, o mais inacreditável é que nossos clubes, aqueles que têm torcida e movem o futebol, ainda se submetam à CBF e às federações estaduais, dominadas em sua maioria por cupinchas que ganham mesada de Del Nero.

Esta semana, em assembleia sem a participação dos times, a CBF mudou seu estatuto e reduziu ainda mais o poder de decisão dos clubes. A legislação federal passou a exigir que as equipes da segunda divisão tenham direito a voto nas eleições da confederação. Deste modo, somando os times da primeira divisão, os pleitos teriam sempre 40 clubes frente a 27 federações.

Mas, com a manobra estatutária dessa semana, os votos das federações terão peso 3, os dos times da Série A terão peso 2 e da Série B peso 1. Assim, as 27 federações somam 81 votos, contra 60 votos na soma dos clubes. Outra alteração abre a possibilidade de Del Nero ficar no cargo até 2027. Mais uma vez, muda-se tudo para não mudar nada.  

Frente a malfeitos e desvios fartamente documentados e diante de dirigentes estaduais que já criaram teia em suas poltronas (a Bahia inclusa), boa parte dos clubes segue submissa, refém de acordos impublicáveis, deixando o bonde passar sem tomar o protagonismo pra si.

Sabe de uma? No fim das contas, a posição dos clubes brasileiros é tão vexatória quanto a de Del Nero. 

Compareça
Está marcada para o próximo domingo, dia 2, a Assembleia Geral Extraordinária em que os sócios do Vitória poderão estabelecer o voto direto e o Conselho Deliberativo proporcional no clube. Se você tem pelo menos 18 meses de vínculo, vá ao Barradão. É dia de final!

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