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Victor Uchôa

Victor Uchôa: Contra a idiotice suprema

Victor Uchôa (vufirmo@gmail.com)

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, já sabemos, foi indicado pelo presidente Michel Temer para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde deve ocupar a vaga de Teori Zavascki, morto num acidente de avião em janeiro.

Sem entrar no mérito do seu saber jurídico e dos acordos políticos, o fato é que Moraes se notabilizou, nos últimos tempos, por dizer (e fazer) bobagens.

Vou dar só um exemplo, que tem a ver com o esporte, seara principal desta coluna: antes de virar ministro da Justiça, Alexandre de Moraes era secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo. Nesta posição, sempre foi um defensor ferrenho dos clássicos com torcida única, anomalia que só pode ser encampada por gente que não faz a menor ideia do que é o papel do desporto enquanto instrumento de convívio e desenvolvimento social.

Além de expor uma lógica superficial sobre o assunto, quando um secretário de Segurança Pública defende a torcida única no estádio está assinando seu atestado de incompetência, pois, em última instância, cabe também a ele criar condições para que os torcedores de verdade possam ir a um jogo sem risco, excluindo do espaço esportivo – aí sim – os imbecis camuflados de torcedores.

No início deste mês, Belo Horizonte voltou a ter um clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG com a torcida dividida meio a meio, o que não ocorria desde 2013, na reabertura do Mineirão.

Antes mesmo de 2013 e nos últimos quatro anos, os clássicos por lá eram sempre com torcida única ou com uma divisão ainda mais estapafúrdia: 10% dos ingressos para os visitantes – como se sabe desde a pré-história, no 9 contra 1 todo imbecil fica mais forte e mais macho.

Pois nada disso impediu que os trogloditas continuassem se digladiando antes ou depois dos jogos, a caminho ou indo embora do estádio, marcando até mesmo brigas bem longe da praça esportiva.

Então, para o primeiro clássico mineiro de 2017, o que a polícia fez? Montou um esquema especial de segurança, como deveria ser feito em qualquer evento que reúne milhares de pessoas. Paralelamente, os brigões reincidentes vêm sendo monitorados em dias de jogo.

Isto feito, mais de 40 mil pessoas foram ao Mineirão num jogo noturno de meio de semana, o maior público do futebol brasileiro neste início de temporada. Famílias e amigos reunidos, misturando camisas azuis e alvinegras. Resultado? De acordo com a Polícia Militar, nenhuma ocorrência foi registrada dentro do estádio.

Esses dias, uma reportagem da Folha de S. Paulo informou que, num dos seus livros, Alexandre de Moraes plagiou, na cara de pau, a obra de um conceituado jurista espanhol. Prestes a ingressar no tribunal mais importante do país, Alexandre de Morases se faz de doido e tenta convencer a plateia que não cometeu plágio nenhum.

Direitos autorais à parte, o que eu sei é o seguinte: se for para levar ao Supremo Tribunal Federal ideias sem sentido e atrasadas como a da torcida única, melhor deixar ele só plagiando mesmo. De preferência alguém que preste.

Viu aí?!

Sábado passado, anotei aqui a impressão de que o elenco do Vitória tinha muitas opções para o ataque e poucas para a defesa, que ainda não passava confiança. Alguns torcedores escreveram para dizer que eu estava com má vontade. No dia seguinte, com um sistema defensivo todo troncho, o Vitória levou quatro gols do Botafogo-PB. O “viu aí?!” é, sem dúvida, uma das piores invenções da humanidade. Mas às vezes só nos resta ele.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.
  

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