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Victor Uchôa

Victor Uchôa: Mangue vermelho e preto

(vufirmo@gmail.com)

Há duas semanas, anotei aqui que o Departamento de Futebol do Vitória andava um tanto bagunçado, tendo batido um recorde de crises em poucos meses de gestão. Nos últimos dias, a desordem que estava exposta em apenas um setor se espalhou feito impingem e tomou o clube como um todo. Falando em português bem claro: virou mangue.

Depois da publicação da coluna de 15 dias atrás, recebi alguns e-mails e mensagens de rubro-negros que acham que a nova gestão é imune a críticas. Fui até acusado de querer, intencionalmente, desestabilizar o clube – até parece que o Vitória precisa de ajuda para sair do ponto de equilíbrio. Senão vejamos.

Apenas na última semana, diretores deixaram a Toca do Leão, Sinval Vieira – chefe do Departamento de Futebol – entregou o cargo, conselheiros ameaçaram se movimentar para chutar o presidente (?) Ivã de Almeida da cadeira e até a responsável pela comunicação do Vitória deu uma entrevista expondo bastidores da instituição, o que é uma maluquice sob qualquer ponto de vista.

O parágrafo acima é composto apenas de fatos. Ninguém inventou, nada foi desmentido. Pergunto: o que desestabiliza o Vitória são umas linhas que amanhã vão enrolar o peixe na feira ou o autoflagelo do clube?

Sei que alguns colegas e veículos de imprensa volta e meia são alvejados pelos mesmos impublicáveis elogios. Merecemos quase todas as porradas, pois se a imprensa brasileira fosse séria, o país não estava no meio desse vendaval em que as instituições fingem que funcionam. Mas, no caso em questão, os mensageiros não têm culpa nenhuma.

Até onde se sabe, não foi nenhum jornalista ou torcedor nas redes sociais que fez contratações de meia-tigela e gastou, em menos de seis meses, boa parte da grana prevista para 2017. Também não foi nenhum jornalista que manteve Argel quando todo mundo sabia que ia dar merda. Tampouco foi alguém de fora do clube, para “desestabilizar”, que contratou Petkovic para ser gerente, empurrou goela abaixo do sérvio a dupla função de “team manager” e, como quem troca de cueca, agora alça Pet a diretor - três cargos em um mês. É mole? Sigamos.

Não consta em lugar nenhum que um jornalista tenha desvalorizado o trabalho de Wesley Carvalho e deixado ele ir para o Palmeiras, perdendo um profissional altamente capacitado e que podia crescer no Vitória. Pelo que lembro, foram os neocartolas rubro-negros (e não jornalistas) que afirmaram não ter encontrado, um dia desses, nenhum treinador que se encaixasse na “filosofia do clube”, como se a tal filosofia já estivesse consolidada. Pois agora, os mesmos neocartolas estão em busca de um técnico – e Wesley foi embora. Tente não rir.

Sinval Vieira fez um caminhão de bobagens, é inegável, mas sua saída não resolve nada se quem ficou não fizer valer o tão belo discurso de profissionalismo e planejamento. Neste momento, o Vitória naufraga à deriva e Ivã de Almeida não dá nenhum sinal de ter capacidade para comandar o barco.

Espero estar errado, mas, e se afundar? Vão colocar a culpa em quem?

*Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados

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