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Victor Uchôa

Victor Uchôa: O Vitória a caminho da democracia

Victor Uchôa (vufirmo@gmail.com)

Como se sabe, um novo grupo assumiu o comando do Vitória em dezembro do ano passado. Numa eleição histórica, com a participação de quatro chapas, a torcida escolheu aquela que reunia alguns nomes conhecidos pela luta visando a democratização do clube.

Se este grupo saberá gerir o Vitória, ainda é cedo pra dizer, mas, ao menos no que diz respeito à reforma do estatuto, uma reivindicação antiga, os atuais conselheiros vêm cumprindo a palavra.

Já está no site oficial do Vitória a minuta do novo estatuto. Agora, que a folia acabou e já deu tempo de curar a ressaca, é importante que todos os sócios leiam a proposta e, se for o caso, enviem sugestões e/ou críticas. O limite é dia 9, a próxima quinta-feira.

Na minuta, há avanços importantes, como a norma de que qualquer sócio com pelo menos 36 meses de vínculo pode se candidatar à presidência ou à vice-presidência do Vitória. Para concorrer a uma vaga no Conselho Deliberativo, bastam 18 meses de associação. Nos dois casos, apenas uma reeleição é permitida.

Sobre o Conselho Deliberativo, o mais impactante é que ele deve passar a ter composição proporcional. Ou seja, deixará de ser um órgão formado apenas por um grupo, o que aumentará o debate e a fiscalização nos assuntos referentes ao Vitória.

Além disso, os conselhos Diretor, Deliberativo e Fiscal serão eleitos pelos sócios em votações distintas. É claro que os escolhidos podem ser todos da mesma coligação, por assim dizer, mas o torcedor poderá decidir, por exemplo, se quer que os responsáveis pela fiscalização das contas do clube sejam vinculados aos gestores que vão gastar o dinheiro.

O texto apresentado deixa claro também que o presidente e o vice passam a ser remunerados, podendo se dedicar integralmente ao Vitória sem a falácia de que nada recebem. Melhor assim.

A minuta, no entanto, ainda apresenta alguns pontos que precisam ser aperfeiçoados. Na assembleia extraordinária realizada em dezembro de 2015, ficou definido que a lista de sócios ficaria disponível no site, sendo atualizada com a maior frequência possível. Esta regra, porém, não está explícita na proposta do novo estatuto.

Há apenas uma passagem que trata sobre a divulgação da lista de sócios, quando é mencionada a convocação de eleições. Se isso for seguido, a relação dos sócios só será exposta a cada três anos, o que é muito ruim para uma instituição que visa a democracia.

Também pode ser um problema (como foi em 2016) manter as eleições sempre no início de dezembro, pois o debate entre candidatos fatalmente coincidirá com a reta final das temporadas, esteja o Vitória em que situação estiver, boa ou ruim.

Outro perigo está no artigo de número 36, que trata dos motivos que podem levar um conselheiro a perder o posto, mesmo tendo sido eleito. Um deles seria “fazer uso de qualquer meio de comunicação para veicular expressões ofensivas ao Vitória ou aos membros dos seus órgãos”.

Convenhamos: há muita subjetividade no termo “ofensa”. Se um conselheiro der uma entrevista chamando o presidente de “incompetente” e ele se considerar ofendido, vai pedir a exclusão do seu crítico? É tênue a linha da censura.

Até o dia 9, pontos como esse podem ser revistos. Se você é sócio rubro-negro, é hora de participar.

Surreal

Em menos de três meses, os novos dirigentes do Vitória enfrentam sua primeira crise, que tem traços surrealistas. Assustada com partidas medonhas, boa parte da torcida pede a cabeça do treinador, mesmo após seguidos triunfos. Responsável pelo futebol, Sinval Vieira agora banca Argel, mas, antes de renovar com o técnico, ele mesmo o classificou como “plano B”. Pra completar, pinta no horizonte o pior cenário: jogadores rachando com a torcida. E aí já viu... 

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.

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