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Victor Uchôa

Victor Uchôa: Pilantras com PhD é coisa nossa

Victor Uchôa

Para que não percamos a memória, já se vão mais de dois anos que alguns dos pilantras mais poderosos do futebol mundial foram presos num hotel de incontáveis estrelas na Suíça. Entre eles, José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que vive em prisão domiciliar nos States.

De lá pra cá, a casa caiu para muitos cartolas. Até Joseph Blatter rodou e foi chutado da presidência da Fifa ao ser pego com a boca nos milhões. Michel Platini, que comandava o futebol europeu e já construía seu caminho para a Fifa, também caiu no abismo.

Como já cansei de escrever aqui, só no Brasil é que os cartolas da bola ainda conseguem fazer o que bem entendem e não ir parar no xadrez - aliás, não só eles, afinal, tudo é permitido num país em que um tribunal decide colher provas antes de um julgamento e, na hora do tal julgamento, joga no lixo as provas que o próprio tribunal colheu, só pra livrar a cara do bandoleiro do momento.

Em países como Estados Unidos, Suíça, Espanha e até mesmo no Paraguai, onde a lei notabiliza-se por ser maleável, digamos assim, a polícia e a Justiça estão cafungando no cangote dos bandidos do futebol. No Brasil, os infames seguem mandando e desmandando.

Essa semana, surgiu mais uma denúncia que deve respingar em Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, e seus antecessores Marin e Ricardo Teixeira. A própria Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) denunciou ao Ministério Público do Paraguai – onde fica a sede da entidade – que membros do seu Comitê Executivo foram coniventes com falcatruas das mais variadas, realizadas entre 2000 e 2015.

Neste período, os três brasileiros tiveram cadeira de destaque na Conmebol. Del Nero, por exemplo, só não faz parte do Comitê Executivo atualmente porque se pela de medo de sair do Brasil e ser preso.

Se a denúncia for adiante, os três cartolas canarinhos terão que responder criminalmente na Justiça paraguaia, assim como já respondem na Justiça americana. Segundo levantamento da Conmebol, a gangue que comandou o futebol do continente durante décadas desviou cerca de R$ 425 milhões. Detalhe: isso é  o que  foi levantado apenas numa auditoria independente, pois o FBI já apontou muito mais. 

Na auditoria, concluiu-se que os dirigentes podem responder por crimes como lesão de confiança, apropriação, lavagem de dinheiro, produção de documentos falsos e associação criminal.

Neste contexto, sempre é válido questionar como é possível que boa parte do mundo esteja punindo seus corruptos da bola e no Brasil, eles sigam poderosos. A resposta é simples: aqui, eles se escoram nos políticos, esses mesmos que são flagrados dia após dia em alguma armação e que, acossados, tentam se salvar de qualquer jeito. Basta ver a operação realizada ontem em Alagoas, que juntou a máfia eleitoral com a máfia do futebol.

A realidade é esta: em termos de máfia, nossos cartolas têm muito a ensinar ao resto do mundo.

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