Partiu Alentejo! Região perto de Lisboa guarda lugares bucólicos, românticos e cheios de identidade

Conheça nosso roteiro com pontos turísticos e saiba também onde comer nessa parte de Portugal

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  • Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2017 às 10:14

- Atualizado há um ano

Campos vastos, plantações de oliveiras e parreiras, aglomerados de casinhas brancas e cidades que ainda guardam muros medievais e castelos: o Alentejo é a região ideal para um passeio bucólico e romântico em Portugal.

Um bocado de brasileiros está descobrindo isso: o Brasil aparece como terceiro maior emissor de turistas para o Alentejo, de acordo com o escritório de turismo do país europeu.

Muito antes das navegações que começaram as relações entre os dois países, Portugal foi parte do território romano. Mais especificamente até o século 5 d.C. Especialmente em Évora, maior cidade do Alentejo, as memórias permanecem muito além da raiz do idioma no latim. Ficaram na agricultura, em templos, aquedutos e termas.

Em Évora, principal cidade da região e com centro histórico tombado como patrimônio da humanidade (Unesco), a muralha romana ganhou ainda contornos visigodos e árabes. Além de atração em si mesmo, o município é a base ideal para conhecer a região, que vai da orla atlântica até a região espanhola da Estremadura. A história impressiona, a comida é incrível e o povo é conversador. A Capela dos Ossos (Évora): mais de 5 mil caveiras e ossos humanos (Foto: Victor Villarpando/CORREIO)Capela dos ossosMais famoso ponto turístico de Évora, a pitoresca capela conta com paredes e pilares revestidos com mais de 5 mil caveiras humanas e inúmeros ossos provenientes de sepulturas de igrejas da cidade. A construção do século 17 é obra três frades franciscanos que queriam passar uma mensagem sobre a transitoriedade e a fragilidade da vida humana. No mármore de cima da porta, o recado está talhado: “Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”. Construído no antigo dormitório e sala de reflexão dos frades, o lugar tem três naves de mais de 18 de comprimento e 11m de largura. As abóbadas são pintadas com desenhos que aludem à morte. Fica na Praça 1º de maio, no Centro. Faz parte da Igreja de São Francisco, que, na real, não tem nada demais. O ingresso custa €4.O Templo Romano de Évora data do século 1 d.C: bem conservado (Foto: Victor Villarpando/CORREIO)Templo RomanoUm dos mais bem preservados da Península Ibérica, é Patrimônio Mundial (UNESCO) desde 1986. De estilo coríntio, foi construído no início do século I d.C. Também conhecido - erradamente - como Templo de Diana. Na verdade, foi feito em homenagem ao Imperador Augusto, como parte do que seria o fórum romano. Foi parcialmente destruído no século V, na invasão dos povos bárbaros. Fica no alto de uma colina, no Largo Conde de Vila Flor. Por isso, a dica é visitar perto do por do sol. A vista é muito bonita.Com projeto do estrelado arquiteto Álvaro Siza, a Adega Mayor, em Campo Maior, é parada obrigatória para quem curtir gastronomia e arquitetura (Foto: Gonçalo Villaverde/Divulgação)Adega MayorCom projeto de Álvaro Siza Vieira, o “Oscar Niemeyer português”, a adega é parada obrigatória tanto para quem curte gastronomia quanto para quem gosta de arquitetura. É um edifício lindo, no meio de uma plantação imensa de uvas. E tem pouco a ver com adegas e vinícolas tradicionais. A cave, por exemplo, não é subterrânea. Fica no térreo, debaixo de um espelho d’água. Além de ser linda por dentro, os traços minimalistas se destacam formidavelmente na pai-Pratos nas portas anunciam as casas-olaria em São Pedro do Corval (Foto: Victor Villarpando/CORREIO)São Pedro do CorvalÉ uma vila muito, muito fofa, famosa pelas cerâmicas artesanais e pintadas a mão. O povoado tem meia dúzia de ruas e dezenas de casinhas com jardins. Em várias delas moram famílias de artesãos, que costumam pendurar pratos perto da porta para sinalizar que ali há olarias. Eles fazem xícaras, travessas, canecas e artefatos de mesa e decoração lindíssimos. Em todas as casas, que entrei, o marido estava no fundo moldando barro e a esposa na frente, pintando peças que iriam pela segunda vez ao forno. Dá para comprar pratos de parede enormes por entre €15 e €30. É o lugar perfeito para comprar lembranças. Até imã de geladeira vende. Fica na pequena cidade de Requengos de Monsaraz, a cerca de 46 quilômetros do centro de Évora. Uma vez lá, vale a pena conhecer também a vinícola Herdade do Esporão.O visual rústico é destaque do restaurante Moinho do Cu Torto (Foto: Victor Villarpando/CORREIO)Moinho do Cu TortoRestaurante à moda antiga do Alentejo. O moinho, que ainda hoje funciona, já foi mercearia e taberna. Há cerca de 20 anos abriga o restaurante, que leva o nome por causa do apelido dado a um antigo dono da propriedade. Por dentro e por fora, tudo é muito rústico. Inclusive as comidas, simples e saborosíssimas. Tudo feito no forno a lenha. O vinho da casa é feito artesanalmente por um vizinho e chega numa farta jarra de barro. O litro sai a €7. As migas de aspargos com carne de porco (€13,50) são imperdíveis e servem duas pessoas. De sobremesa, a Encharcada (€4) é uma incrível torta cremosa de gemas e canela. Mesas e cadeiras pesadas, louças antigas e pinturas a óleo formavam ambientes que parecem cenários de filme de época. Fica na R. de Santo André, 2. Só abre para jantar.Farinheira corada com favas, gengibre e pimentões: Enoteca Cartuxa (Foto: Victor Villarpando/CORREIO)Enoteca CartuxaNum prédio antigo perto do Templo de Diana fica um espaço completamente contemporâneo e cheio de cores. Armários, gavetas e expositores das garrafas de vinho foram feitos com caixas da bebida. Os garçons, moderninhos, trabalham de avental e All Star vermelhos. Passado o encantamento visual, vêm as maravilhas do paladar. De petisco, a Farinheira corada com favas, gengibre e pimentões causa a melhor 1ª impressão possível. Para comer à vera, as migas de lombinhos de porco de vinha d’alhos e o lombo de bacalhau com purê de grão de bico, cebola roxa avinagrada, azeite e salsa impressionam bem. De beber, muitos vinhos da Fundação Eugénio de Almeida: do ilustre Pêra Manca Tinto (€200 a garrafa) ao Vinea Cartuxa Branco (€9 a garrafa). No fim das contas, custou pouco menos de €20 por pessoa. E valeu muito a pena. Ainda tem uma loja com produtos regionais: de sabão de leite de burra aos azeites da marca. É bom reservar [email protected]. Ou ligar com pelo menos 1h de antecedência. Fica na R. Vasco da Gama, 15, Évora.Caracóis são petiscos comuns em bares: vale vencer o preconceito (Foto: Victor Villarpando/CORREIO)CaracóisPor todo o Alentejo vi barzinhos com placas que faziam propagandas de seus caracóis. Inocente, cheguei a pensar que era algum nome estranho de comida, tipo migas, encharcada ou farinheira. Até que vi pratos com montanhas de conchas. Um dia, bebendo minha boa cerveja num bar, tomei coragem e resolvi dar uma chance aos moluscos. Adorei! Os que comi, num boteco chamado Restaurante O Parque (R. de Viana, 35, Évora), estavam bem temperadinhos, com coentro, e a textura da carne lembrou a do caranguejo. O jeito de comer também. Tem que chupar a casca pra a carne sair. A porção pequena foi €4.Algumas das delícias do menu de piquenique da Adega Mayor (Foto: Gonçalo Villaverde/Divulgação)Como chegarNão há voo direto de Salvador para Évora. Já para Lisboa tem um da TAP, cujo percurso dura 8h05. De lá dá para alugar um carro parar percorrer 134 quilômetros de estrada em excelentes condições. Ou pegar um trem que sai quatro vezes ao dia e em cerca de 1h30 te deixa lá. Para quem pretende visitar vários lugares próximos, um passe da Eurail (eurail.com) pode ser bem vantajoso.

Visto e moedaBrasileiros não precisam de visto para entrar na União Europeia, da qual Portugal faz parte. Rola só uma entrevista no posto policial do aeroporto. A moeda de lá é o euro, que, até o fechamento desta edição, custava entre R$ 3,80 e R$ 3,90 em casas de câmbio de Salvador.

Onde ficarO Centro Histórico  certamente é o lugar mais cheio de charme de Évora. Quanto mais perto da Praça do Giraldo, melhor. Pelo Airbnb, aluguei um um sobrado de 3 andares e terraço na Praça Joaquim Antonio Aguiar chamado Casa Resende. Foi excelente e, como éramos um grupo de 5 pessoas, saiu bem mais barato do que ficar num hotel. Recomendo demais.