Exposição inédita de Tomie Ohtake é inaugurada no Dia Internacional da Mulher

Considerada um dos maiores nomes da arte brasileira no século 20, Tomie Ohtake tem mostra inédita com gravuras, esculturas e pinturas em cartaz na Caixa Cultural Salvador

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 7 de março de 2017 às 07:37

- Atualizado há um ano

Exposição Tomie Ohtake - Cor e Corpo reúne gravuras, esculturas e escultura (Foto:Divulgação)Nesta quarta (8), na data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a Caixa Cultural Salvador abre a exposição da artista plástica Tomie Ohtake. A história dessa imigrante japonesa que só começou a pintar prestes a completar 40 anos, chegou ao ápice a partir dos 50 e produziu até os 102 anos já mereceria a visita. No entanto, a exposição Tomie Ohtake - Cor e Corpo -  que reúne gravuras, esculturas e pinturas - revela a qualidade da artista considerada um dos maiores nomes da arte brasileira no século XX. 

Tomie Ohtake - Cor e Corpo é a terceira mostra da artista na capital baiana. Anteriormente, seus trabalhos foram expostos por aqui  em 2009 e 2013. A exposição fica em cartaz  até o dia 23 de abril, com visitação gratuita, sempre de terças a domingos, das 9h às 18h, na sede da Caixa Cultural, na Rua Carlos Gomes, no Centro. De acordo com a curadora, Carolina De Angelis, a mostra traz um breve panorama da vida profissional da artista nos 60 anos. “Selecionamos 40 gravuras, pinturas e três esculturas tubulares, onde é possível perceber o gesto fluido que caracteriza a obra dela. O próprio nome Cor e Corpo destaca as formas orgânicas e não definidas”, pontua a curadora.Para Carolina De Angelis, o fato de Tomie ter iniciado seu trabalho numa época onde, geralmente, as pessoas não pensam mais em novos começos ou novas profissões, é muito inspirador. “Ela é um exemplo como artista e como mulher”, completa Carolina, que divide a curadoria com Paulo Miyada. (Foto: Divulgação)Curvas e coresQuem visitar a exposição poderá apreciar uma característica muito comum na obra da artista ,  a nomeação “Sem Título”, opção que, segundo os curadores, evidenciava o anseio de Tomie Ohtake em promover a reflexão e livre associação do observador. Apesar de não trabalhar uma temática específica, sendo a própria expressão plástica visual o tema que permeia toda sua obra, é possível destacar no trabalho da artista características que remetem a formas da natureza, elementos humanos, marítimos e cósmicos, ou ainda associadas à progressividade do crescimento e fecundação, aspectos evidenciados na atual exposição.Em toda sua obra, Tomie faz questão de expor as formas orgânicas e fluidas, além das  curvas e cores, em obras que perpassam por diversas fases criativas. Entre as gravuras, a exposição exalta a diversidade de obras que vão desde as mais antigas, dos seus primeiros anos de trabalho e com contornos irregulares, até aquelas, por exemplo, delicadamente programadas, com linhas finas sobrepostas.A artista expôs publicamente suas esculturas em diversas capitais pelo mundo, o que ajudou a popularizar o trabalho nessa plataforma. Nessa mostra, as esculturas são estruturas metálicas, fruto de torções e dobras realizadas pela artista em pequena escala e fielmente reproduzidas em maior dimensão. As pinturas, todas figuras sinestésicas que encerram analogias corpóreas e orgânicas.  Apesar de começar a produzir tardiamente, Tomie Ohtake trabalhou até os 102 anos MaturidadeTomie Ohtake realizou mostras individuais e conquistou prêmios na maioria dos salões brasileiros, além de ter participado de 20 bienais internacionais, somando em seu currículo mais de 120 exposições individuais (em São Paulo e mais 20  capitais brasileiras, Nova York, Washington, Miami, Tóquio, Roma e Milão) e quase 400 de coletivas, entre Brasil e exterior, além de 28 prêmios. Naturalizada brasileira, Tomie Ohtake nasceu em Kyoto, no Japão, dia 21 de novembro de 1913, onde estudou. Em 1936 chegou ao Brasil para visitar um de seus cinco irmãos e, em virtude do início da Guerra do Pacífico, permaneceu por aqui, impedida de voltar ao país natal. No Brasil, ela se casou, teve dois filhos e, incentivada pelo artista japonês Keiya Sugano, começou a pintar. Com seu reconhecimento, Tomie tornou-se uma espécie de embaixatriz das artes e da cultura no Brasil. Assim, durante toda sua vida, foi sempre convocada a receber grandes personalidades internacionais, como a Rainha Elizabeth e a familia real japonesa.  Em 2013, chegou aos 100 anos, comemorados com 17 exposições pelo Brasil. Seguiu trabalhando até a sua morte, em fevereiro de 2015.