Festival de Percussão 2 de Julho chega ao fim hoje; veja programação

Evento reúne músicos e estudantes de Maceió, Pernambuco, Bahia, Pará, São Paulo, Minas Gerais, Amazonas, Colômbia e Estados Unidos

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 22 de julho de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

Como acontece em todos os anos, grupos de percussão de diversos estados participaram de oficinas e apresentaram concertos (Foto: Betto Jr)Com a proposta de unir a emoção e o suingue dos sons da rua com o conhecimento sistematizado e universal da academia, o Festival de Percussão 2 de julho encerra suas atividades hoje, depois de uma semana intensa de concertos, oficinas e apresentações de músicos do Brasil e exterior.

Nesse último dia, a programação terá início às 8h, com a oficina de percussão orquestral na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia(Ufba), no Canela. Às 11:08h o professor Fernando Rocha da Universidade Federal de Minas Gerais vai realizarum concerto com Vibrafone no Instituto Cultural Bahia Alemanha (Goethe Institut), na Vitória. No local, às 15h, o grupo de percussão da Universidade Federal de Pernambuco se apresenta. No Museu de Arte da Bahia, também na Vitória, à partir das 17h, o grupo que une as musicistas da Bahia, Espirito Santo e São Paulo, conhecida como Trio Andurá fará mais uma apresentação. O encerramento será realizado às 20:38h, com um concerto da Fundação Carlos Gomes do Pará.

Para o idealizador do projeto e professor da Ufba Jorge Sacramento, esse ano, o festival bateu recorde de participação de novos participantes, grupos e artistas, manteve os espaços com boa participação de público, mesmo nos horários de meio da tarde, além de conseguir realizar o lançamento de um CD: o Pagodão Swingueira Dub. O segundo gravado pelo Grupo de Percussão da UFBA contou com a participação dos estudantes e ex-alunos da instituição, que se reuniram sob a batuta do maestro Angelo Rafael, do professor Jorge Sacramento e do percussionista Gilberto Santiago, para registrar composições, em sua maioria, escritas exclusivamente para o grupo. “É um pagodão mesmo, só que com elaboração teórica”, brinca.

Por falar em brincadeira, o horário quebrado das atividades também foi uma alusão ao fato desse festival ser o oitavo. “Por conta do atraso na liberação de recursos de um edital, precisamos realizar o sétimo duas vezes”, diz Sacramento. Ele lembra que quando realizou o primeiro festival, na Reitoria da UFBA, os 600 lugares foram ocupados por apenas seis pessoas. “Hoje, mesmo não conseguindo ter um lastro que nos permita trazer os convidados que desejamos, temos participantes que se tornam defensores e parceiros dessa causa”, completa.

Para o músico e professor universitário, o grande mérito da proposta é conseguir estabelecer um trânsito entre o saber popular e o conhecimento acadêmico. “Essa união é benéfica para todos, pois a academia ganha a emoção contida na música de rua e a rua consegue se inserir em outros universos”, diz o professor, ressaltando que o percussionista com formação sólida atua desde do grupo de samba até na orquestra, sendo capaz de atuar não apenas com o ritmo, mas também com a harmonia. “Na Bahia, a percussão é uma área perigosa, pois a cultura popular e ancestral tem muita força e resiste ao saber acadêmico; o mesmo acontece em relação à academia que pode realizar a leitura de partituras, mas não imprime a força emocional dessa música”, argumenta o professor. Para Jorge Sacramento, ainda falta muito para unir esses mundos, mas passos firmes estão sendo dados rumo a essa percussão mais contemporânea.

O evento promoveu a participação de mais de 40 percussionistas, com 8 oficinas, 21 concertos e um público de mais de 1.500 pessoas. “Coordeno esse festival há muitos anos e esse ano teve um sabor especial por poder promover a passagem da coordenação do evento para meu filho Aquim Sacramento”, finaliza. Vale salientar que as atividades são abertas e gratuitas.