Alceu e Luiz Caldas se apresentam no Armazém Hall sábado (3)

Cantores vão cantar sucessos que marcaram suas carreiras

Publicado em 2 de junho de 2017 às 06:30

- Atualizado há um ano

Alceu Valença vai cantar seus clássicos, como Anunciação e Belle de Jour (Foto: Yanê Montenegro)

Luiz Caldas e Alceu Valença vão relembrar os sucessos de suas carreiras neste sábado (3), a partir das 21h, no Armazém Hall, em Villas do Atlântico. Apesar de ainda não ter sido confirmado um encontro entre os dois artistas no palco, Alceu não descarta a possibilidade: “Não programamos nada juntos ainda. Nossos estilos musicais são bem diferentes, ainda que ambos sejamos absolutamente nordestinos, brasileiros e modernos. Mas seria uma honra me apresentar ao lado de Luiz”.Luiz elogia o colega de Pernambuco: “Alceu é um compositor e intérprete de primeira grandeza. Ele tem um trabalho que é ímpar e uma forma de interpretar que é única”.Com a proximidade do São João, o show é uma boa oportunidade para ouvir músicas de Alceu que têm o toque das festas juninas, como diz o músico: “Meus shows sempre têm um quê de forró, de xote, de baião, de embolada, que formam a trilha sonora das festas juninas. Coração Bobo, Embolada do Tempo ou Cavalo-de-Pau possuem este tipo de influência”.

Veja abaixo entrevista na íntegra com Alceu:

Estamos nos aproximando do São João, que tem muita força na Bahia. Pretende cantar canções das festas juninas?

AV – Tenho vários tipos de show. Show com banda, com orquestra de câmara, show acústico, outro com minhas canções dos anos 70, tenho shows de frevo e São João. Em Lauro de Freitas, vou apresentar um espetáculo com meus maiores sucessos. Como nasci numa região bem próxima ao sertão, cresci escutando as mesmas influências que levaram Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro a formatarem seus estilos. Então, meus shows sempre tem um quê de forró, de xote, de baião, de embolada, que formam a trilha sonora das festas juninas no Nordeste. Canções de minha autoria, como Coração Bobo, Embolada do Tempo ou Cavalo-de-Pau possuem naturalmente este tipo de influência, com uma sonoridade mais contemporânea. Também canto temas de Gonzaga, como Xote das Meninas e Sabiá, e do repertório de Jackson, como O Canto da Ema.

Você já se apresentou com Luiz Caldas? O que acha dele? Vão cantar juntos?

AV – Luiz é um grande músico e cantor, acompanho sua trajetória desde que ele surgiu, nos anos 80, com um som dançante, carnavalesco, pop. É uma alegria para mim aproximar Pernambuco da Bahia. Não programamos nada juntos ainda, até porque nossos estilos musicais são bem diferentes, ainda que ambos sejamos absolutamente nordestinos, brasileiros e modernos. Será uma honra para mim.

Como está a repercussão do "Vivo!Revivo!"? O DVD revisita um período em que a música nordestina flertava com a psicodelia? Como era essa junção tão inesperada?

AV – Certa vez um crítico do New York Times se referiu à minha música como “um rock que não é rock”. Na verdade, o que sempre fiz, foi juntar a essência da música do Nordeste com uma timbragem que dialogasse com os sons de sua época. Nos anos 70, a psicodelia estava em voga e esta aproximação se deu de maneira natural. Havia também muitas metáforas nas letras, já que na época precisávamos driblar a censura. É um trabalho que mantém a sua atualidade, possui um discurso libertário muito forte, acho que é isso que faz com que uma nova geração redescubra essas canções, anteriores aos meus grandes sucessos nacionais, que aconteceram a partir de Coração Bobo, em 1980, quando iniciei uma outra fase, ainda mais próxima das minhas origens. É como sempre digo: eu sou um espelho do meu público. Me reconheço nele e ele se reconhece em mim.

O que aconteceu nos anos 70 que a música do Nordeste viveu aquela 'explosão', com você, Elba e Zé Ramalho tomando conta das rádios do país? O  Brasil estava "descobrindo" o Nordeste?

AV – Trata-se de uma geração muito forte, repleta de talentos. Além de mim, tivemos outros pernambucanos, como Geraldo Azevedo e Dominguinhos, paraibanos, como Zé Ramalho e Elba, além do  pessoal do Ceará, de onde vieram Fagner, Belchior, Amelinha, Ednardo. Nossa música permanece porque tem qualidade, identidade e representam o Brasil que dá certo. Aliás, o Brasil precisa urgentemente redescobrir sua trilha sonora! Temos a música mais rica do mundo e o Nordeste, incluindo tantos talentos baianos, é diretamente responsável por toda esta grandeza.Armazém Hall(Avenida Luíz Tarquinio, 2893, Lauro de Freitas | 3379-5360. Sábado (3), às 21h. Ingressos: R$ 40 | R$ 80 (pista) | R$ 60 | R$ 120(área vip), R$ 90 | R$ 180 (camarote)